As férias de 2021 foram diferentes lá em casa. Ainda sob as tensões de uma segunda onda da pandemia e diante de uma necessidade acadêmica, mudamos os planos. Explico: minha esposa, a Verushka, que é formada em Biologia e Administração, estava concluindo seu mestrado em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Unindo as duas áreas do conhecimento e os anos de experiência na gestão de recursos hídricos, ela elegeu como tema para a dissertação as percepções acerca da estiagem na Bacia Hidrográfica do Rio Pardo, que envolve 13 municípios.
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Para dar forma ao trabalho, ela juntou toda a teoria existente em torno do assunto à pesquisa de campo, seguindo à risca a metodologia científica da academia. E assim, ao invés de rumar para o litoral, montamos um plano que envolveu viagens pelo Vale do Rio Pardo ao longo de 15 dias.
Fui o motorista e me encarreguei dos cuidados com o Antônio, então com quatro anos, enquanto a Verushka realizava as entrevistas presenciais. Fiquei a distância para conter os ânimos de jornalista. Mas se não me envolvia nas perguntas, era impossível deixar de observar.
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Percorremos centenas de quilômetros, passamos por estradas de chão, enfrentamos calor, poeira, mas também encontramos paisagens exuberantes e tivemos sempre uma boa acolhida. Como a pesquisa envolvia a estiagem e naturalmente a água – ou a falta dela – estivemos em locais que são inimagináveis para quem está na cidade. Encontramos agricultores, profissionais que atuam na área de abastecimento e gestores encarregados de assegurar o acesso a um dos bens mais essenciais para a vida.
Entre as tantas histórias, uma em especial acabou ficando na memória. Em Barros Cassal, uma agricultora vivia a ameaça do desabastecimento para atender a família, os animais e as plantações. Longe de quase tudo em um dia de calor escaldante, contou que a situação vinha se agravando muito e que naquele momento seu maior medo era morrer de sede.
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Nos últimos dias, com a escassez de chuva, voltamos a ver o volume dos reservatórios baixando e a lista de municípios gaúchos em situação de emergência crescer. Até essa sexta-feira eram 85, segundo a Defesa Civil. E mesmo que o problema não seja novo, as dificuldades em enfrentá-lo permanecem. Consumir de forma consciente é fundamental. Preservar fontes, nascentes e matas, como vem acontecendo, é o caminho. Da mesma forma, investimentos em ações concretas devem ser incorporados na agenda dos entes públicos. O presente e o futuro dependem disso.
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