Na eleição presidencial de 2018, antes da votação em primeiro turno, e também antes da votação em segundo turno, escrevi alguns artigos em que registrei o lastimável nível de diálogo e argumentação dos candidatos.

Logo, observado o melancólico e acirrado quadro, não foi difícil prever que haveria enorme abstenção, além dos votos nulos e brancos. Do mesmo modo, vencesse quem vencesse, não haveria mais paz entre os brasileiros.

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Irônica e tragicamente, aqui estamos, em 2022, à véspera de mais um segundo turno presidencial, com os mesmos personagens, para outro plebiscito. Pior. Não de virtudes, pasmem, um plebiscito em torno dos defeitos de cada um. Escolher o menos ruim!

Para ilustrar a situação, e o quanto há de trágico e repetitivo nessa circunstância histórica, reproduzo alguns parágrafos de um artigo de 2018. Vejamos:

“Não há adjetivos negativos suficientes para classificar este melancólico e deprimente segundo turno presidencial, cuja marca mais deplorável é a generalizada e recíproca falta de respeito. Essa eleição se transformou em um plebiscito sobre negações e violações, uma incansável e inesgotável narrativa sobre os defeitos do outro. De um lado vigora o ‘Ele não!’ e do outro o ‘PT nunca mais!’.

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De um lado o candidato Bolsonaro, vocacionado para a grosseria e a tirania, a julgar por suas dezenas de temerárias e desqualificadas declarações e atitudes.

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De outro lado, não menos desqualificado, e também com farto material probatório de condutas negativas, o Partido dos Trabalhadores e seus principais líderes (hoje, 2022, Lula), alguns já condenados e presos.

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O mais surpreendente é o seguinte: o esforço de cada lado em rotular e insistir que os defeitos do outro são piores que os que o adversário lhe atribui. E que o futuro que o outro (se eleito) nos acena e promete será desastroso.

Então, o que sucede é que os dois candidatos somam, apresentam e representam não as próprias virtudes, mas sim a soma dos defeitos do outro. Logo, é quase impossível identificar e valorizar eventuais virtudes de parte a parte.

Ambos frutos de semeadura inconsequente e agora absurda e dolorosa colheita. Um efeito colateral deste circo dos horrores comportamentais: haverá um número gigantesco de abstenções, votos nulos e brancos. Afinal, as convicções de milhões de cidadãos não admitem uma opção compulsória, constrangedora e intolerante, uma exceção por baixo de suas réguas ético-políticas!

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Se tantos e tão notórios defeitos de parte a parte, como imaginar e esperar que algum deles possa oferecer e assegurar um processo de pacificação social e uma pauta de desenvolvimento?” “Déjà Vu” é uma expressão em francês que significa “já visto”. É viver algo e, ao mesmo tempo, ter a sensação de que isso já aconteceu antes!

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