Faz algum tempo que venho refletindo sobre uma questão que me angustia como cidadão. O que será do nosso trânsito, nas ruas de Santa Cruz do Sul, daqui a cinco, dez anos? Acompanho o esforço da Administração Municipal para tentar corrigir gargalos e dar fluidez ao tráfego. Novos semáforos, inversão ou restrição no fluxo de algumas ruas, todas as medidas são válidas.

Mas, na mesma proporção em que se planeja e implanta iniciativas em busca de soluções, aumenta a frota que circula pelas ruas. E por mais bem traçadas e até largas que sejam, elas não vão comportar, em futuro muito próximo, esse crescimento no fluxo.

Não sou engenheiro de trânsito, mas tenho algumas convicções: a cada dia novos condutores estarão se habilitando e mais veículos vão se agregar à frota e engessar ainda mais as ruas. E se hoje, apesar do estacionamento que deveria ser rotativo, achar uma vaga já é uma loteria, muito em breve, nem pagando se achará um espaço vago.

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Tenho três sugestões.

  1. Para quem governa ou vier a administrar este município, que pense em criar rotas alternativas, de fluxo rápido, preferencial, que desafoguem o Centro e evitem os gargalos para aqueles que realmente precisam se locomover: para acessar seu local de trabalho, para deixar ou buscar os filhos na escola, atender a um compromisso, circunstâncias que não se pode prever.
  2. Aos empreendedores, que coloquem no radar um investimento em prédios ou espaços de estacionamento. No entorno do Hospital Santa Cruz, por exemplo. Quantos carros circulam todos os dias, em todos os horários, por quarteirões, de um lado para outro, sem encontrar uma vaga! Nem para o comércio e os profissionais liberais instalados naquela área, e muito menos para as centenas de pessoas que precisam acessar a casa de saúde, seja para chegar ao plantão, para fazer ou retirar um exame, ou para visitar um familiar internado.
    Vamos ser pragmáticos: haverá quem não vai se conformar em pagar por uma vaga em espaço privado. Faz parte. E essas pessoas têm o direito de continuar circulando à procura de um lugar para deixar o carro, perto ou longe do destino que traçaram. Outros, porém, vão se render à lógica e à matemática e concluir que é preferível desembolsar um valor para estacionar em local seguro e de fácil acesso a ficar dando voltas por quarteirões na esperança de achar uma vaga que não vai se apresentar.
  3. Aos empresários do setor varejista, dos grandes aos pequenos estabelecimentos: encontrem alternativas mais razoáveis para atrair clientes e criar um bom ambiente de negócios. Sei não, mas acho que o espaço físico vai ser cada vez mais irrelevante. E a melhor localização talvez já não seja na via congestionada e sem espaço para circulação de veículos e pedestres, mas no ambiente digital.

Preciso falar de uma experiência pessoal. Ficamos durante mês e meio hospedados em uma casa e, por óbvio, nos adequamos ao sistema e à logística daquele ambiente familiar. Ao longo de sete semanas fomos às compras com os anfitriões duas vezes: a um shopping, para achar sugestões (que não tínhamos) de presentes para o Dia das Mães e para presentear alguns aniversariantes do mês, e em uma casa de carnes para escolher cortes especiais para a ocasião.

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Todas as demais compras (e serviços) se efetivaram pelo meio digital: móveis, eletrodomésticos, utensílios para a casa, supermercado, açougue, banco, farmácia, lanche, imagine o que você quiser. Os anfitriões só tiravam o carro da garagem para ir a alguma consulta médica ou a uma reunião presencial intransferível.

Me convenci, acho que é esse o nosso caminho. Sei que não é tão simples, que é cultural a predileção pelo ambiente físico e, por isso, resistimos a mudanças. Mas não tem saída, vai ser o nosso futuro. Nós, consumidores, e todos os que nos ofertam serviços e produtos, temos que encurtar distâncias e reduzir obstáculos.

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Por que torrar combustível e congestionar ruas se podemos resolver nossas demandas a partir de um aplicativo no celular? E, de preferência, junto a um fornecedor próximo, que conhecemos, em quem confiamos e que nos assegure uma entrega ágil.

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Guilherme Andriolo

Nascido em 2005 em Santa Cruz do Sul, ingressou como estagiário no Portal Gaz logo no primeiro semestre de faculdade e desde então auxilia na produção de conteúdos multimídia.

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