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Debate avalia impactos da exposição aos agrotóxicos e como diminuir riscos à população

Assembleia Legislativa aprova projeto que prevê a redução do uso de agrotóxicos no RS

Na classificação do Ministério do Meio Ambiente, os agrotóxicos são “produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, utilizados nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, pastagens, proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais”. A definição foi apresentada na edição da Caravana Digital AMRIGS, realizada nessa quarta-feira, 22, em Santa Cruz do Sul.

Sob a mediação do médico ortopedista e presidente da Associação Médica de Santa Cruz do Sul (Assomesc), Dr. Ali Juma Abdalla Hamid, que frisou a importância do tema para a saúde coletiva e a oportunidade do debate proporcionado pela Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs), o evento teve como palestrantes o psiquiatra, Vinícius Alves Moraes, e a médica especialista em Medicina do Trabalho, Adriana Skamvetsakis.

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Vinícius ressaltou que as substâncias aumentam a produtividade no campo, porém causam toxicidade. “Os pesticidas são ferramentas, não são feitas para causar mal, mas quando empregados de forma equivocada geram problemas físicos e mentais”, disse ele, salientando a relevância do uso de equipamentos de proteção individual (EPIs). Levantando a questão sobre os agrotóxicos serem causa ou consequência de problemas vinculados à saúde psicológica do trabalhador rural, o psiquiatra destacou que a população desta área apresenta maior prevalência de transtornos mentais. Ele apontou que, por uma série de fatores culturais, comportamentais e geográficos, o trabalhador rural – que tem uma prevalência 20% maior de sintomas depressivos do que a média dos brasileiros – não costuma procurar tratamento psicológico.   

No entendimento de Moraes, é preciso cuidar melhor da saúde deste grupo. Para isso, sugere o investimento em educação, garantindo o acesso de quem mora no campo às escolas e universidades; a conscientização sobre o uso de EPIs; o desenvolvimento de políticas públicas que incrementem a busca ativa pelos pacientes; a consolidação da telemedicina; a interiorização dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps); a capacitação dos profissionais de saúde e a valorização dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf), no sentido de priorizar a atenção à saúde mental.  

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Dando sequência ao evento, Adriana Skamvetsakis pontuou que os agrotóxicos afetam a sociedade de modo amplo, refletindo se é de fato possível o uso seguro ou correto dessas substâncias. A integrante do Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador da Região dos Vales e da Secretaria de Saúde de Candelária esclareceu que a exposição aos agrotóxicos pode ocorrer pelas vias dérmica, oral e respiratória, sendo a alimentação a principal forma entre a população geral.   

A médica observou que os casos de exposição mais intensa ocorrem entre trabalhadores da agricultura e pecuária, agentes de controles de endemias, colaboradores de firmas desinsetizadoras, de transporte e comércio de agrotóxicos e de indústrias que formulam o próprio produto químico. “As intoxicações podem ser agudas, com uma sintomatologia rápida, exposição excessiva, por um determinado período a produtos altamente tóxicos; ou crônicas, de sintomatologia tardia, com exposição pequena ou moderada a produtos tóxicos”, explicou. 

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Adriana reforçou ainda que a maioria dos estudos sobre agrotóxicos analisam as formas de exposição isoladamente, e grande parte das pessoas que usa essas substâncias vai utilizar mais de um tipo de produto, ou seja, sofrerá uma exposição múltipla, ocasionando efeitos mais difíceis de serem avaliados. Na visão dela, é importante que os profissionais da saúde, ao atenderem pacientes afetados pelos agrotóxicos, busquem saber quais produtos foram utilizados e saibam que podem contar com o apoio dos Centros de Informação Toxicológica (CITs) para terem mais orientações.   

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