Estava me lembrando das minhas seguidas viagens. A primeira aérea, como já narrei aqui, foi num avião da hoje extinta empresa aérea Sadia. Fui assistir a um jogo do Flamengo contra o Internacional, no Maracanã. Deu Flamengo, 1 a 0, gol de Fio Maravilha. Eu tinha 20 anos e não sabia o que era cansaço. Fiquei acordado até de manhã, na hora de voltar.
Nas primeiras viagens que fiz à Europa passava na cauda do avião conversando com os comissários de bordo. Na época se podia beber o quanto se quisesse. Claro que só dava uma cochilada ao amanhecer. Não me importava de ocupar um assento apertado. Tudo era festa.
Quando fui morar em Freiburg para fazer um estágio no Max Planck Institut, dormir para mim não era prioridade, mormente em julho, quando só começa a anoitecer lá pelas 10 da noite.
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Depois, quando meus cabelos começaram a “entordilhar”, já me irritava por ter de ficar numa poltrona apertada por quase dez horas, poucos banheiros, quase nada de comida e bebida.
Foi aí que fiz a seguinte conta: e se eu diminuísse a frequência de viagens e fosse de primeira classe? Durante um tempo foi bom, mas depois comecei a me cansar do estresse nos aeroportos.
Com isso, passei a optar por tiros mais curtos.
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Meu filho mais velho, Armando, engenheiro, trabalha na Alemanha, em Baden Baden, onde se situa a Becker Avionics. Já fui visitá-lo duas vezes. Mas em nenhuma delas tive oportunidade de visitar o proprietário, Herr Roland Becker. Há alguns meses meu filho me disse que o sr. Becker estava passando uma temporada no Rio e queria muito me conhecer. Fiz contato com ele, e acertamos que eu e minha mulher passaríamos uma semana no Rio e nos hospedaríamos na Barra da Tijuca. Ele respondeu que iria, com sua esposa brasileira, ao nosso encontro. Fiz a bobagem de comprar passagens no avião da Gol que sairia de Porto Alegre às 5h45 da manhã. Chegamos às 7h20 no Santos Dumont e pegamos um Uber para a Barra. Oito da manhã e a má notícia de que o check in era só às 14 horas. Mas, enfim, no dia seguinte o sr. Becker veio almoçar conosco. É um homem saudável nos seus 76 anos. Nosso almoço foi das 12 até as 16 horas, e dê-lhe papo; ele é um gentleman. Pediu que falássemos em alemão porque não estava seguro falando português. Fiquei muito feliz quando ele disse que eu falava relativamente bem o alemão, apesar dos arcaísmos que eu seguidamente usava. No dia seguinte, Becker me ligou e nos intimou a almoçar de novo com ele num restaurante do Leme. De novo almoço de quatro horas. Para isso não senti cansaço. (Continua)
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