Colunistas

De meu mundo natural e cultural

Ich will nicht haben, weil anderen haben. Ich will nicht sein, so wie man es von mir erwartet
Ich will nur ‘ich’ sein, und das ist schwer genug in unserer Gesellschaft – Não quero ter porque outros têm; não quero ser, como se espera de mim; quero apenas ser eu mesma, e isto já é suficientemente difícil em nossa sociedade. – de Lissi Bender

Hoje decidi falar um tantinho sobre mim. Então, escolhe um momento tranquilo, senta-te em teu lugar preferido, acompanhado de tua bebida preferida, saboreia-a com vagar, à medida que vais me lendo com toda a leveza de tua alma.

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Nasci dia 24 de maio, num entardecer outonal em um domingo, sob os desígnios de Pentecostes. Recebeu-me uma luz oscilante; o restante, em sombras – talvez por isso aprecio dias nublados, cinzentos. Mas também me encantam o sol dourado do outono, suas longas sombras e a exuberância primaveril.
Esta é a quinta vez que vivencio o dia de meu encontro com meu berço na terra de meus ancestrais, em meio a aromas, sons, cores de primavera.

Por falar em sons, adoro acordar com o chamado dos Aracuãs em minha Wilde Heimat, na Alte Pikade; amo o som da chuva, contemplá-la em sua descida ao encontro da mãe Terra; amo a neblina, o sol crepuscular, o cimo de árvores cobertas pela névoa ao amanhecer; tudo isso são algumas das muitas dádivas da natureza que me encantam desde a infância. Quando pequena, deitava sobre a relva, acompanhava o declinar do sol, o movimento das nuvens, tentava descobrir seres em suas múltiplas formas; ficava espreitando os sons e o ruflar das aves se recolhendo às árvores para o descanso noturno.

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O findar do dia continua me encantando. Costumo contemplar o horizonte pela varanda de casa – em outubro, o sol corteja o Botucaraí. Aliás, manter o olhar de minha criança interna para os fascínios da natureza compraz minha alma. Sempre fui muito tímida. Nunca me livrei da timidez, mas a vida me ensinou a administrá-la. Sou mais introspectiva do que expansiva; penso mais do que falo; sonho mais do que realizo. Talvez por meu jeito mais recluso de viver, não conto muitos amigos, mas sei ouvi-los e guardar comigo o que me confiam.

Por longos anos, voltava tarde da noite de meu trabalho acadêmico. Ainda muito acordada, contemplava o firmamento e aprendi a conversar com as estrelas. Converso também com a lua, com as árvores. Tenho por hábito agradecer às árvores pelos frutos que me oferecem e pelo bem que me fazem. Assim como os antigos Germanen, acredito que nas árvores mais longevas vivem boas almas. Minhas mais próximas são uma Cameleira centenária, um frondoso Angico e um enorme Eucalipto perfumoso que exala seu aroma quando os primeiros raios de sol deitam sobre suas folhas orvalhadas.

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Meu jeito reservado de ser e viver faz-me evitar aglomerações, não me fazem bem. Não gosto de ambientes ruidosos, nem de pessoas espaçosas. Sou avessa a holofotes, mas faz bem a minha alma quando meu fazer é valorizado, reconhecido.

Amor à minha língua materna acompanha-me desde o berço. Se defendo sua permanência entre nós, é por que reconheço o seu valor, para o progresso de minha cidade, também porque sou grata aos meus antepassados, cuja existência possibilitou minha existência, e também lhes sou grata pelo meu lugar de viver em Santa Cruz.

Gosto de ler poemas. Coleciono poemas e aforismos. Gosto mais de ler e escrever do que de falar. Entre meus muitos autores preferidos se encontram Rainer Maria Rilke, Hermann Hesse, Fernando Pessoa, Cecília Meireles. Encantam-me as florestas, o mundo presente nos Märchen dos Brüder Grimm (neles encontro imbricada a alma germânica). Adoro frutas. Meu lugar de viver me as oferta durante o ano todo.

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Difícil saber qual a minha predileta. Por isso, elejo as da estação. Assim, em cada época do ano posso saborear minhas frutas preferidas.

Agora é a tua vez, meu estimado leitor: o que te encanta e faz parte do teu mundo de vida e de tuas preferências?

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