De futebol e sofrimento

Eu estava naquele jogo no Beira-Rio em 1989. Era relativamente moço. Na época, até ia aos treinos às vezes. Tinha cadeira cativa. Em várias oportunidades acompanhei o Inter em outros Estados. Sempre ia com a camiseta rubra, aguentava as flautas quando havia derrota.

Escutava todos os jogos e, se houvesse transmissão pela TV, não perdia nem os comentários finais. Mas aquele jogo em 1989 foi demais para minha paciência. Depois que o Inter fez de tudo para perder o jogo contra o Olimpia, voltei muito amargurado para casa.

Foi quando, no meio da madrugada, após me rolar e rolar na cama, tive um estalo de clarividência. Pensei: o que estou ganhando com essa tristeza? De que me adianta eu me torturar? Naquela madrugada, decidi: nunca mais irei a jogos de futebol do Inter, nem verei pela TV. Talvez só me informar, ao término do jogo, do resultado . E assim fiz até hoje. Não “seco” o Grêmio e não discuto futebol com os amigos. Gosto de ver os jogos da Seleção Brasileira e dos clubes europeus.

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Decidi ver belos jogos sem torcer nem sofrer, só apreciando a técnica apurada de vários clubes, sem me esganiçar aos urros. Só desfrutar. Isso acontece com os jogos de tênis. Acompanho vários torneios, sem me estressar, só vibrando com  os lances. Posso estar enganado. Mas no futuro os grandes clubes dos vários continentes formarão uma liga e serão bem-sucedidos  por causa do brilho exponencial de seus jogadores.

Penso que hoje o futebol está muito nivelado em todos os lugares. Ninguém mais é bobinho. Daí se explica que grandes clubes já foram rebaixados e muitos o serão de novo se não se cuidarem. Aqui, tirante uns cinco clubes, qualquer um pode cair. No Brasil, basta um menino se destacar e o passe dele é adquirido pelos “clubes empresa”, principalmente do Exterior. Na atual situação brasileira, reina o amadorismo na maioria dos clubes. Veja-se o que acontece com o Cruzeiro de Minas Gerais: já está há dois anos na segunda divisão e assanhadinho para cair para a terceira.

Se Grêmio e Inter continuarem nessa senda, não será surpresa um dos dois ou ambos darem uma chegadinha na Segundona. E calculo que não seja fácil de retornar. Fico muito intrigado com o que acontece com dois “bondes”. Um do Inter e outro do Grêmio. O que faz há anos o Gigantinho mofando e se deteriorando? O que faz o Grêmio que ainda não solucionou o problema do Olímpico, que virou tapera?

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Acho mais graça ir a jogos do interiorzão e passar direto para a copa com os amigos. E, de vez em quando, dar uma espiada no jogo. Meu pai fazia isso quando me levava ao campo do Santa Cruz.

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