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O casal colombiano que chegou de moto a Santa Cruz do Sul

O que os colombianos Sebastian Castellanos Jaga e Karen Julieth Chacon Castro mais apreciam no Brasil são a natureza e os animais. Entre uma viagem e outra, a bordo da motocicleta chinesa AKT 125, modelo 2015, eles já tiveram a companhia de onças, jacarés, araras, águias e tucanos. “Acho que os pássaros sentem esse espírito livre, essa liberdade de vocês”, disse o servidor público Daniel Eick, que acompanhou a reportagem da Gazeta do Sul em uma conversa com o casal dias atrás em Linha Santa Cruz, na morada de Antelmo Stoelbenn.

Ao conhecer um pouco da história desses aventureiros, talvez você até concorde com ele. É que faz um ano e cinco meses que o enfermeiro Sebastian decidiu trocar os corredores do hospital onde trabalhava em Bogotá, capital da Colômbia, para viver a vida sobre duas rodas. E há cinco meses a namorada dele fez uma pausa na faculdade para acompanhá-lo na viagem. Escolhas que têm trazido um pouco mais de emoção e brilho ao cotidiano, como ambos dizem.

Na terra da Oktober

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Essas escolhas trouxeram os dois até Santa Cruz. No último sábado do mês passado, quando trafegavam de Santa Maria a Porto Alegre pela RSC-287, Sebastian e Karen precisaram abastecer a motocicleta. Foi nessa parada que os frentistas olharam para a moto (e para toda a bagagem) e questionaram: “Vocês não vão participar do Oktobermoto?”.

Curiosos e interessados pelo evento, Sebastian e Karen escolheram ficar. Rumaram ao Parque da Oktoberfest e por lá ficaram. Em meio ao evento, que reúne motociclistas de todo o Brasil, encontraram a oportunidade de mostrar a sua arte. “É tudo muito divertido, mas a gente precisa trabalhar muito para viajar por aí. Meu cartão de crédito é minha palheta”, conta o jovem multi-instrumentista. E foi lá, em meio à programação, que eles encontraram Antelmo, a pessoa que os acolheu pelos próximos dias.

“Eu os vi pelo parque e fui puxar conversa. Quando soube um pouco da história, e que pretendiam partir logo, convidei-os para ficar na nossa casa”, lembra o professor. No domingo, 27 de outubro, quando Sebastian completou 25 anos, Linha Santa Cruz já era a nova morada da dupla. Por aqui, viveram dias intensos. Visitaram pontos turísticos, participaram de aula especial na Escola Estadual Affonso Pedro Rabuske e do programa do colunista Luiz Henrique Kühn, na Rádio Gazeta, além de compartilhar pratos típicos e histórias do país de origem.

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Pelos caminhos da América

Até chegar ao Brasil, Sebastian e Karen percorreram sete países – Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile, Paraguai e Argentina. No Brasil, visitaram cinco estados até o momento: Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Após deixar Santa Cruz, o casal seguirá a Porto Alegre, Florianópolis e, mais tarde, São Paulo.

No colete dos dois, bótons e brasões contam histórias. Pelo corpo, colares e pulseiras fazem lembrar de tantas outras. Selos nos passaportes, adesivos na motocicleta e até pelúcias, presentes de crianças que os veem pela estrada, são as grandes bagagens dos enamorados. No celular, outros tantos capítulos da aventura, armazenados em fotografias e vídeos. Mas, apesar do grande acervo, pouca coisa vai para as redes sociais.

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“Gostamos de viver os momentos. Não possuímos conta no Instagram e publicamos algumas coisas no Facebook apenas para nos comunicar com nossa família e amigos”, conta Sebastian. Apesar de ser um amante da leitura, e de ter encontrado inspiração para a viagem nos Diários de Motocicleta, de Ernesto Che Guevara, ele não pretende eternizar a aventura em livro. “As emoções que vivemos são algo que, simplesmente, se vive. Lugares incríveis, fins de tarde maravilhosos, impossíveis de traduzir em imagens e palavras.”

Colombiano pegou a estrada em maio de 2018, prometendo ficar só um mês fora. Divulgação/GS

VIDA NOVA

Em maio de 2018, quando deu início à viagem, Sebastian planejava ficar um mês fora de casa. Queria mudar de vida, pois desde os 18 anos trabalhava como auxiliar de médico. Era ele o braço direito que assessorava o profissional em cirurgias cardíacas para a colocação de marca-passos. Em algumas semanas, chegava a trabalhar mais de 48 horas sem parar. E foi por esse ritmo de vida que, há cerca de dois anos, ele também precisou ocupar uma mesa de cirurgia para a implantação do dispositivo.

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Mais tarde, frente a todos os destinos que ainda pretendia visitar, o colombiano ampliou a jornada para mais um mês. “Meus amigos me chamaram de louco. Meu pai apoiou, achando que seriam só 60 dias”, lembra Sebastian, o Tatan, como também é chamado. No tempo de estrada, sofreu dois acidentes. Em um deles, teve perda total na moto. “Barbaridade, como vocês dizem”, brinca. Pelas andanças, entre idas à Colômbia, engatou um namoro com Karen. No dia 23 de outubro, completaram um ano juntos.

Nessa quarta-feira, 6, o casal deixou Santa Cruz do Sul. Eles, porém, até gostariam de ficar por aqui e fazer morada. “O melhor na viagem foi conhecer essa cidade”, afirma Sebastian. Enquanto ele planeja se estabelecer no Brasil, Karen deve voltar à Colômbia em dezembro para finalizar o curso de Contabilidade. Depois é a estrada que deve apontar o caminho. “Não viajamos para escapar da vida, mas para que a vida não escape da gente”, finaliza Karen.

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