A pandemia do novo coronavírus trouxe muitas dificuldades econômicas e sociais aos brasileiros, afetando diretamente o mercado de trabalho. Exemplo disso é o santa-cruzense Cléber de Brito, 35 anos, que está desempregado há cerca de um ano e não conseguiu mais uma colocação, em parte, devido à crise. Nesta quarta-feira, 23, dia do seu aniversário, pede apenas um presente: uma oportunidade de voltar a trabalhar. Portador de deficiência intelectual leve, ele é capaz de executar qualquer tipo de trabalho manual e pede uma oportunidade às empresas do município.
Conforme a mãe, Célia, a procura tem sido incessante, mas sem sucesso até o momento. “As empresas anunciam tantos empregos para pessoas com necessidades especiais e olha o que estamos passando, com o Cléber há quase um ano desempregado. Eu ligo, mando currículos, elas ficam de retornar e nunca retornam. Ficamos aqui na expectativa, e nada.” Cléber chegou a participar de alguns processos seletivos, no entanto, a aguardada oportunidade ainda não veio. “Eu mando ele para as entrevistas e depois nunca mais temos notícias”, lamenta.
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Em relação aos benefícios oferecidos pelos governos às pessoas com deficiência, Célia diz que nunca encaminhou e nem considera justo. “Eu não vou requerer um benefício se ele tem condições de trabalhar. O corpo não tem nada, as pernas e os braços não têm nada. Ele pode trabalhar”, afirma. Antes da pandemia, Cléber chegou a fazer bicos auxiliando na montagem de estruturas para shows e apresentações artísticas. “Ele tem uma inteligência pra essas montagens de som, conhece tudo, pode dar que ele consegue”, enfatiza a mãe.
Ao longo da vida, ele trabalhou na indústria fumageira, na construção civil e teve uma passagem pelo Hospital Ana Nery, além de diversos bicos. “A gente quer trabalhar, tem vontade, mas eles não dão oportunidade”, ressalta. “Eu não quero filho meu parado em casa, ele tem possibilidade de voltar ao mercado de trabalho.” Ter uma fonte de renda, além de ajudar nas despesas da casa, também é necessário para pagar a pensão da filha de 10 anos, que está atrasada. Ao comentar sobre o que procura, Cléber é enfático. “Não tenho escolha, tenho essa pensão para pagar. Se me chamarem para abrir valeta eu vou, não escolho serviço.”
Oportunidades para PCDs
Mesmo sendo um direito constitucional, a inserção de pessoas com deficiência (PCDs) no mercado de trabalho ainda é um desafio. A Lei de Cotas obriga empresas que tenham cem ou mais funcionários a manter em seu quadro pelo menos 2% de PCDs. Conforme levantamento feito em agosto pela Gazeta do Sul, Santa Cruz do Sul possui 43 empresas nesse perfil, que geram 865 vagas para deficientes. Destas, 754 estavam preenchidas e 111 ainda aguardavam ocupação.
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