Segundo um relatório da Polícia Federal (PF) entregue ao juiz Sérgio Moro, Lula afirmou que só sairia de casa algemado, ao receber a PF em seu apartamento às 6 horas da manhã de sexta-feira, 4, quando foi deflagrada a 24ª fase da Operação Lava Jato. “Foi dito por ele (Lula) que não sairia daquele local, a menos que fosse algemado. Disse ainda que se eu quisesse colher as declarações dele, teria de ser ali”, escreveu o delegado da PF Luciano Flores de Lima.
Moro determinou a condução coercitiva de Lula para depor sobre processo investigatório criminal que estuda recebimento de propina de empresas que atuavam em cartel na Petrobras e lavagem de dinheiro, por meio de ocultação de patrimônio.
“Às 6 horas do dia 4 de março de 2016, a equipe chefiada por este subscritor bateu à porta da residência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi aberta pelo próprio. De pronto, damos ciência de que estamos de posse de mandado de busca e apreensão para cumprir naquela residência, sendo autorizada a entrada de todos em seu apartamento”, informa o delegado.
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No documento de três páginas, o delegado escreveu que informou Lula de que a saída do prédio deveria acontecer de forma rápida, antes “da chegada de eventuais repórteres e/ou pessoas que pudessem fotografar ou filmar tal deslocamento”. “Foi neste momento que Lula reagiu, afirmando que só sairia algemado.
No documento, o delegado conta que respondeu que “não seria possível fazer sua audiência naquele local por questões de segurança”. O ex-presidente foi comunicado que o Salão Presidencial anexo ao Aeroporto de Congonhas já estava preparado e que o local era “seguro, discreto e longe de eventuais manifestações que certamente poderiam ocorrer de forma mais violenta”.
“Disse ainda que, caso ele se recusasse a nos acompanhar naquele momento para o Aeroporto de Congonhas, eu teria que dar cumprimento ao mandado de condução coercitiva que estava portanto, momento em que lhe dei ciência de tal mandado”, explicou. Lula teria ligado para seu advogado Roberto Teixeira e, após, informou que iria o acompanhar para prestar as declarações.
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“Às 6h30, saímos da garagem subterrânea do prédio do ex-presidente Lula em uma viatura discreta, com películas escuras nos vidros laterais, pedindo a ele que se mantivesse em posição atrás do motorista e sem aparecer entre os bancos, pois assim impediria que qualquer pessoa que estivesse na rua conseguisse captar sua imagem”, explicou o delegado.
Lima relatou ainda ao juiz da Lava Jato que ofereceu “de maneira insistente a segurança da Polícia Federal ao ex-presidente Lula para levá-lo ao local onde ele quisesse ir, a partir dali”. Mas que esse dispensou a segurança. “Sendo dito que ele preferiria sair dali com seus companheiros de partido e seus advogados, em veículo próprio, sem o acompanhamento da Polícia Federal.”
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