O sonho de ser policial militar sempre dividiu espaço na vida de David Martins Ferreira com a vontade de se tornar veterinário. Aos 29 anos, o soldado conseguiu, de certa forma, unir as duas paixões. Ele foi um dos incentivadores da criação do primeiro canil da Brigada Militar em Santa Cruz do Sul. Hoje faz parte da Patrulha com Cães, do Pelotão de Operações Especiais (POE).
Quando decidiu ser policial, o rio-pardense se inspirava em dois tios que exerciam a mesma profissão. Em 2008 prestou concurso e se formou no ano seguinte. Nesse tempo de serviço, já passou por tiroteios com assaltantes, grandes apreensões de drogas e presenciou o resultado de crimes graves, como assassinatos e latrocínios. A rotina incerta, de não saber o que esperar quando sai para uma ocorrência, faz parte do dia a dia. “Para ser policial não pode gostar de comodidade”, avisa.
O soldado acredita que o maior desafio é não levar tudo para casa. “Às vezes a gente não dorme de noite. Fica pensando no que aconteceu. Não tem como a gente ser imune a essas situações”. Por outro lado, garante que poder ajudar os outros é sua principal realização. “Poder fazer o bem às pessoas. Ajudar em situações, mesmo sendo críticas. Dar a sensação de que a Justiça está sendo feita.”
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Mesmo sem cursar veterinária, Ferreira não deixou de lado o apreço pelos animais. Em casa, treinava por conta seu cão Bolota, um pastor alemão que em serviço se torna Caveira. Bady, com 1 ano e oito meses, é filho de Bolota. Ele é um dos quatro cães que fazem parte da Patrulha K9 da Brigada Militar. Em breve, em Santa Cruz, será inaugurado o Canil Regional.
Quando foi incentivado pelo sargento Carlos Savian, comandante do POE, a iniciar o treinamento de cães, entusiasmou-se. Desde então, não parou mais. Participou de cursos preparatórios e hoje guia os cães nas ocorrências. “Eu me surpreendi com os animais. A gente tem uma ideia do que eles poderiam fazer. E eles fazem muito mais. Isso é uma coisa que a Brigada me proporcionou. É um privilégio para mim hoje poder trabalhar com os cães.”
Além do efeito psicológico, durante uma abordagem, o cão permite maior segurança até para os outros policiais. Para isso, o cão e o seu guia precisam estar sempre em sintonia. “O cão entende o policial, pela leitura corporal. E o policial tem que saber o que o cão vai apresentar em cada situação. Se o policial estiver nervoso, o cão vai estar nervoso. Se o policial estiver tranquilo, o cão vai estar tranquilo.”
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