Os últimos dias do fim de ano para quase todo mundo são de correria e o tempo é curto para tudo o que as pessoas pretendem fazer. Faltam pernas, mãos, braços… Parece que todos querem resolver tudo ainda antes do Natal ou no ano velho. A busca por presentes, pelos alimentos e bebidas para garantir as ceias, os preparativos para as viagens, as contas a pagar e tantas outras preocupações que perseguem os seres humanos nesta época, muitas vezes parece que os deixam sem tempo de pensar no mais importante neste período: valorizar as pessoas. Uma palavra pode mudar o fim de ano para alguém e trazer esperanças para um novo ciclo.
Ao iniciar a segunda metade do calendário a cada ano, é comum ouvir as pessoas dizerem que a partir deste momento até o Natal é logo ali. E assim que chegam os feriados da Independência do Brasil, Dia do Gaúcho, a Oktoberfest, essas manifestações aumentam cada vez mais. Os produtos de Natal sempre mais cedo nas vitrines das lojas aumentam a sensação de que o fim do ano está por chegar em um piscar de olhos.
Tudo o que queremos é mais tempo, seja para aquelas tarefas diárias que ninguém faz por nós, aproveitar melhor os momentos de descanso e lazer e tantas coisas mais. Mas o tempo não espera por ninguém. E com as redes sociais que acompanham as pessoas por todos os lugares nos celulares, os dias ficam ainda mais curtos. Há alguns anos, era comum um jogral com o título “Não tenho tempo”. Apesar de ser bem anterior à “invasão” das redes sociais e dos aparelhos eletrônicos no nosso cotidiano, o texto já chamava a atenção para o pouco tempo que se dá às pessoas em nossa volta.
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Porém, há o outro lado, com vezes que torcemos para que o tempo passe mais rápido, pois uma hora pode parecer uma eternidade, dependendo de como a gastamos. Ou seja, nossa percepção de passagem do tempo muda de acordo com a situação em que nos encontramos. Assim, atividades prazerosas parecem passar voando, enquanto algo que consideramos pouco interessante (para não dizer chato) leva uma eternidade para acabar.
Neste Natal e fim de ano, quando a maioria consegue dar uma paradinha depois do corre-corre das últimas semanas, é um momento interessante para se organizar e deixar um tempinho para a reflexão e de dar atenção às pessoas. Talvez fazer aquilo que não fizemos o ano todo – e não deveria ser assim – e mostrar aos familiares, colegas e amigos que nos cercam que não são máquinas, mas sim seres emocionais que racionalizam. Palavras e/ou gestos muitas vezes valem mais que um presente. E ao dar presentes, é importante que eles carreguem sentimentos.
O papa Francisco, em 11 de setembro deste ano, em uma audiência com os membros da Associação Italiana de Mutilados e Inválidos do Trabalho, que celebrava 80 anos de fundação, fez uma bela reflexão: “Somos seres humanos e não máquinas, pessoas únicas e não peças de reposição. E muitas vezes alguns operários são tratados como peças de reposição”. Então, antes que o ano acabe, fica a sugestão de tentarmos deixar um tempinho do dia para pensar no significado do Natal, uma data de esperança e amor, independentemente do credo religioso ou se alguém se diz ateu. É interessante colocar isso em prática para construirmos um mundo melhor, mais humano e de paz.
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