Já havia rascunhado o texto para este artigo quando li, na edição de sexta-feira, a coluna do meu amigo Gilberto Jasper neste mesmo espaço, questionando: “Com quem a vida vale a pena”. Muito pertinente, inteligente e atual.

Cheguei a pensar em deletar tudo o que havia escrito para não parecer que me escorei nas suas ideias. Li e reli. Concluí que estávamos raciocinando na mesma direção e que talvez eu pudesse complementar sua linha de pensamento.

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Pois devo dizer que sou integrante de alguns (poucos) grupos no WhatsApp e interajo muito menos do que devia. É que sou de perfil mais reservado e gosto de ouvir, de saber o que os outros têm a dizer, mais do que expor ou impor as minhas convicções.

Mas uma mensagem que recebi dias atrás me sacudiu do ponto de vista existencial. Desconheço a autoria, mas a reflexão me tocou. Sobretudo pelo contexto de antagonismos, valores e interesses distintos que nos contamina todos os dias.

A ideia central da mensagem, que não mais consegui acessar, se resumia a esta pergunta: já imaginou o que vai restar de você daqui a 100 anos? Quem ainda vai lembrar que você existiu, o que fez ou deixou de fazer?

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É verdade, concordei. Não vai ter mais foto que nos esforçamos para produzir. Talvez nem tenha alguém que se interesse em saber que existimos.

Nós, família, levamos três décadas, ou mais, para erguer em etapas a casa onde moramos hoje. O que será no futuro desta residência que construímos com tanto esforço? Quem vai habitá-la depois que partirmos? O que restará dela daqui a 100 anos?

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E o carro, tão ambicionado, que se financia em intermináveis parcelas? Com sorte, talvez esteja na mão de um colecionador. O mais provável é que, há muito, tenha ido para o desmanche.

Proponho esta reflexão não para abdicarmos de nossos sonhos. O que seria de nós se não tivéssemos sonhos? Todos queremos evoluir, conquistar novos horizontes, nos desafiar todos os dias para subir mais degraus na escala do sucesso. Um novo empreendimento, uma casa melhor, uma promoção, um novo emprego, uma viagem, tantas coisas.

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A reflexão é para que nos ocupemos menos com picuinhas, com ostentação, em que distorcemos princípios e valores em nome de interesses os mais diversos, em que sacrificamos o que de mais caro temos – a família e os amigos – para aparentar o que não somos, mas como gostaríamos que nos vissem.

Vale a pena tudo isso? Que bom que pessoas bem-sucedidas multipliquem seus negócios e investimentos. Muitos outros, certamente, vão ser beneficiados com seu arrojo, talento e sucesso. Mas que não se deixem oprimir pela ambição.

Em um instante, tudo pode acabar. Por uma geração ou duas, talvez alguém lembre de nós. Daqui a 100 anos, não mais.

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É um convite para rever posições frente a diversas questões. Não para desistir, nem para se acomodar, muito menos para abrir mão de valores que carregamos conosco. Trata-se de colocar na balança da existência as prioridades que adotamos, a obsessão em acumular bens em lugar de bem-estar e empatia com os que nos cercam, a teimosia em brigar com amigos por causa de ideologia em vez de nos convidarmos para um churrasco ou uma simples roda de prosa.

Trata-se de dar valor à vida que nos foi dada de presente. A propósito, neste Dia Mundial do Meio Ambiente, cabe questionar: o que será da natureza e do nosso planeta daqui a 100 anos?

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