O professor, pesquisador, escritor, ator e indígena paraense Daniel Munduruku palestrou na tarde dessa sexta-feira, 21, durante o 17º Fórum Nacional e 13º Fórum Internacional de Educação de Venâncio Aires. Ele tratou sobre cultura e costumes do povo Munduruku, ao qual pertence, e também sobre a abordagem dos povos originários no currículo escolar, entre outros temas. Na ocasião, participaram ainda as palestrantes e instrumentistas Dejeane Arruée e Graziela Pires, da banda 50 Tons de Pretas.
“Para mim, é uma alegria estar aqui com vocês para tentar reconstruir essa ponte que foi destruída ao longo da história e colocou os povos indígenas em outra margem do rio, não permitindo que a gente aprendesse uns com os outros”, disse Daniel. Em sua compreensão, não existe cultura certa ou errada. “Quando a gente impõe o conhecimento, está colonizando e desfavorecendo o outro por achar que sabe e pode mais.” Para ele, restaurar esses laços é fundamental para repensar o Brasil e a sociedade em que vivemos.
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Ao entrar no tema do seminário, o palestrante chamou a atenção para as legislações que obrigam as escolas a ensinarem sobre história e cultura afrobrasileira e indígena, mas não obrigam a faculdade a ter esses conteúdos durante a formação dos professores. Munduruku frisou que, apesar dos avanços nas últimas décadas, os educadores ainda são vistos como descartáveis pela sociedade porque não produzem bens materiais. “Eu vejo essas leis como uma tentativa de reparação histórica, mas as escolas não estão preparadas para abordar esse assunto como deveriam.”
Comentou ainda sua participação na novela das 21 horas da Rede Globo, Terra e Paixão. “Aceitei participar pensando justamente no tanto de gente que podemos atingir e levar letramento, queremos quebrar essa visão estereotipada e distorcida dos indígenas.” Ele diz que o espaço é muito curto para que se consiga resolver a questão, mas ficará satisfeito se conseguir despertar um pouco de consciência no telespectador. “Vamos ver no que isso vai dar, mas não posso deixar de acreditar que chegaremos lá.”
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Ao final da palestra, respondeu a perguntas da plateia e levou alguns exemplares de suas obras para vender ao público. Daniel tem mais de 60 livros publicados, a maioria para o público infantojuvenil e professores, e 10 milhões de cópias vendidas. É graduado em Filosofia e tem licenciatura em História e Psicologia, além de mestrado e doutorado em Educação, bem como um pós-doutorado em Linguística. Seu trabalho é reconhecido com dois prêmios Jabuti e um prêmio da Academia Brasileira de Letras, entre muitos outros. Natural de Belém do Pará, reside em São Paulo desde 1987.
Depois de atender o público e autografar dezenas de livros, Daniel Munduruku concedeu entrevista exclusiva à Gazeta do Sul. Entre os temas abordados estão relação com outros povos originários, projetos atuais, avanços e retrocessos nos direitos dos indígenas e dicas de leitura para compreender melhor a história e a diversidade cultural dos indígenas e como eles impactaram o desenvolvimento da sociedade brasileira. Os conteúdos serão publicados em texto e vídeo nas plataformas da Gazeta ao longo da próxima semana.
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