A flexibilização dos protocolos sanitários, estabelecidos em função da pandemia, e a sensação de que os piores momentos já passaram podem ser as explicações para a retomada da movimentação do comércio. A constatação se dá com base no número de pedidos de informações ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) nos meses do segundo semestre.

De acordo com o diretor do SPC da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Santa Cruz do Sul, Adilson Schuenke, houve um incremento de 52% nas consultas entre junho e outubro no comparativo com o período de janeiro a maio. “Os consumidores haviam se resguardado, sem gerar muita demanda no período da pandemia. Agora, se os comerciantes estão verificando o crédito, é sinal de que estão vendendo”, aponta.

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E se a notícia de ampliação das vendas é positiva, também é considerado bom o índice de inadimplência. Em outubro, Santa Cruz do Sul registrou 23% de negativas nas consultas feitas ao SPC. “É um número alto, mas se compararmos com a média estadual, fica bem abaixo”, afirma Schuenke. Ele se refere aos 35% registrados no Rio Grande do Sul. Estados do Norte chegam a 45% de devedores, seguidos pelo Centro-Oeste e Nordeste, com 40%. São 62 milhões de brasileiros com crédito restrito, o que representa 40% da população brasileira acima de 18 anos.

Os 23% registrados em outubro fazem voltar às médias apuradas durante o período pré-pandemia. Entre 2015 e 2018, de acordo com Schuenke, a variação ficou entre 20% e 23%. “Com a Covid-19, em 2019 e 2020, seguindo até junho de 2021, as negativas de crédito representaram 26%”, acrescenta.

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O líder em registro de inadimplência, com ampla vantagem, é o cartão de crédito (80%), seguido do crédito direto com o comércio, com carnês ou boletos (17%). O restante cabe aos financiamentos bancários. Os maiores devedores são os homens e jovens, em especial, entre 30 e 39 anos; na sequência, pessoas na faixa de 25 a 29 anos. Schuenke diz que um aumento no número de idosos inadimplentes tem sido percebido. “Houve um acréscimo de 10% entre as pessoas acima de 65 anos”, exemplifica.

A CDL/SCPC Porto Alegre apurou que o perfil dos inadimplentes no Estado é diferente. A maior parte é do sexo feminino, jovem e pertencente à classe social C.

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O retorno do crédito depende de negociação

Schuenke explica que a retirada do nome do devedor da lista do SPC depende de negociação com o credor. “É possível acertar a dívida e garantir crédito para o fim de ano, por exemplo”, destaca. Uma forma de incentivar a retomada do crédito foi o Super Feirão Zero Dívida 2021, uma iniciativa da CDL/SCPC Porto Alegre com adesão de entidades de 200 municípios.

Em 15 dias de campanha, entre 25 de outubro e 8 de novembro, foram encaminhados R$ 8 milhões de débitos para renegociação. Os números locais ainda não estão disponibilizados, mas o presidente do Sindilojas Vale do Rio Pardo, Mauro Spode, aponta que a região tem melhores índices do que o restante do Estado. “São dois pontos percentuais em relação à média gaúcha e cinco no comparativo com a Capital”, detalha.

Spode reforça que esse é um período em que a inadimplência é reduzida e que a tendência, devido ao Super Feirão, é que diminua ainda mais até o fim do ano. O pico costuma ser o mês de janeiro.

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