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LISSI BENDER

Da transitoriedade da vida

“Das Bewusstsein unserer Sterblichkeit ist ein köstliches Geschenk, nicht die Sterblichkeit allein, die wir mit den Molchen teilen, sondern unser Bewußtsein davon. Das macht unser Dasein erst menschlich”. “A consciência da nossa mortalidade é um presente precioso, não a mortalidade em si, que partilhamos com os Tritões, mas a nossa consciência dela. Isto humaniza nossa existência”, diz Max Frisch, um dos mais conhecidos escritores da literatura alemã.
Quando falece um ser querido ou em tempo outonal, sentimos um chamado a refletir sobre a finitude de nossas vidas. Se atendemos a esse chamamento, podemos desenvolver consciência da nossa mortalidade e nos darmos conta do quanto nossa vida é preciosa e única; podemos sentir que no universo existe muito mais, o que somente por meio da conexão com a alma podemos vagamente vislumbrar.
Viemos a este mundo por uma razão desenhada pela energia criadora que rege todas as formas de vida. Assim como todos os seres vivos, estamos neste plano por algum tempo. Entretanto, não somos verdadeiramente preparados para vivermos este tempo de forma simples e plena. Muito menos somos preparados para a morte.
Em nossa sociedade, somos impelidos a ter sucesso e dinheiro. Termos como “ir à luta”, “batalhar”, “correr”, “aproveitar”, “ir atrás”, para sermos bem-sucedidos, profissional e financeiramente, são constantes em nossa vida. Vezes e vezes, tenho me perguntado: é isso que conta em nossa preciosa e breve vida? Em que medida estamos atentos aos anseios de nossas almas, para entender seus desígnios e significar nossa existência?
Se temos consciência da efemeridade de nossa vida, da colheita certa da “indesejada das gentes”, podemos repensar a forma como estamos vivendo; podemos avaliar o que deveras é valioso, viver de maneira mais simples e inteira. Viver a verdade de nosso ser, desvestido de aparências, menos suscetíveis ao sistema e ao consumo. Mais voltados para viver em harmonia com as demais vidas e com a mãe Terra, nossa hospedeira. Aprender a apreciar os sabores, os sons e as cores presentes na e da natureza; sentir, assim como os pássaros, alegria em cada alvorecer; sentir a magia crepuscular; caminhar com os pés descalços sobre a relva orvalhada e sentir o fluir de gostosa energia; contemplar estrelas, olhar para o infinito e sentir que há algo maior regendo vida e fenecimento.
Rainer Maria Rilke, famoso poeta da literatura alemã e de todos os tempos, reflete sobre a mortalidade em seu poema outonal. Rilke vislumbra um ALGUÉM que acolhe com brandura nosso fenecimento.

Die Blätter fallen, fallen wie von weit,
als welkten in den Himmeln ferne Gärten;
sie fallen mit verneinender Gebärde.

Und in den Nächten fällt die schwere Erde
aus allen Sternen in die Einsamkeit.

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Wir alle fallen. Diese Hand da fällt.
Und sieh dir andre an: es ist in allen.

Und doch ist Einer, welcher dieses Fallen
unendlich sanft in seinen Händen hält.

As folhas fenecem como se muito distante,
fenecessem jardins no distante firmamento;
Elas fenecem em meneios de não aceitação.
E na escuridão das noites mergulha a terra densa
na solitude das estrelas.

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Todos nós feneceremos. Fenece esta mão aqui:
E observa esta outra: fenecer está em tudo.
Ainda assim, há ALGUÉM que acolhe este fenecimento com infinita suavidade, em suas mãos.

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