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Da “Pedra Grande” ao Egito

De Santa Cruz do Sul, passando por Santa Maria, se alcança São Pedro do Sul após aproximadamente três horas de viagem. De São Pedro, pela estrada vicinal que conduz a Toropi, outros 13 quilômetros nos aproximam da “Pedra Grande”, também conhecida como “Abrigo da Pedra Grande.” O bloco arenítico, de 86 metros de comprimento por aproximadamente  9 de altura, fica à esquerda da estrada, junto à Igreja de Nossa Senhora Aparecida.

O “Abrigo da Pedra Grande” se constitui em portentoso registro da arte rupestre praticada pelos nativos. Há que se dedicar um olhar atento e zeloso às inscrições impressas há mais de 3 mil anos. Predominam traços que apontam para pegadas de aves e felinos. Junto ao bloco rochoso, nos fundos, pesquisadores encontraram um sítio cerâmico da tradição tupi-guarani. Antes, outros agrupamentos habitaram a região, sendo que, através de datações radiocarbônicas foi possível remontar a 3.061 anos, ou seja, há mais de mil anos antes de Cristo.

A “Pedra Grande”, até o presente momento, é reconhecida como o maior monumento petroglífico do Estado do Rio Grande do Sul. O local deve ter sido palco de manifestações religiosas e artísticas. Talvez tenha servido de referencial comunicativo para seus habitantes. Observe-se que o bloco arenítico se encontra num local destacado em relação à paisagem de entorno.

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Adiante, para o norte, vamos encontrar a escarpa de basaltos se alteando no horizonte, enquanto que para o sul, leste e oeste restam os morros testemunhos, as coxilhas de planície, patamares  e terraços fluviais. A região, drenada pelo rio Toropi, afluente da margem direita do Rio Ibicuí, apresta-se como localização ecossistêmica estratégica para os povos da época no atendimento às suas necessidades.

De tudo o que podemos perceber, pouco de fato sabemos dos habitantes originários da região. O que os preocupava, quais suas dificuldades relacionais, que receios os assaltavam, como suas emoções fluíam? Com o que sonhavam? Que mundo pretendiam para seus descendentes?

Oportuno se faz correlacionar as expectativas dos habitantes primevos da “Pedra Grande” com  as nossas, justamente agora, em que no Egito acontece o planetário encontro ambiental, a COP 27. Egito e “Pedra Grande”, cada um em sua medida, eternizados pelos registros ancestrais que se estendem atualizados. Afinal, não mudamos tanto assim, até porque, independentemente do conhecimento e da temporalidade, coexistimos. Que as inscrições de lá e cá nos inspirem auspiciosamente. Aliás, que pegadas pretendemos deixar gravadas?

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caroline.garske

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caroline.garske

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