Mais do que nunca, o mano Pêndulo gira em todas as direções. Primeiro, em memória de uma grande figura do Brasil. Destas que marcam a própria biografia no livro dos tempos; a gente aplaude e os anjos festejam.
O velho amigo de crônicas e caminhadas celebra a transição – para a outra margem de lá – de um bispo católico. D. José Maria Pires: o decano dentre os prelados brasileiros, até devolver a alma ao seu Criador, domingo passado, 27 de agosto de 2017. Noventa e oito batidas certeiras no pique. Voltou para a Casa do Pai no dia de Santa Mônica, a mãe de Agostinho: outro bispo que entrou para os corações sedentos de Deus.
D. José era um mineiro nascido após a Primeira Guerra: tempo que começou a ousadamente redesenhar mapas e valores. O então mundo dividido entre perucas nobres – que tinham o direito divino a lacaios e camareiras – e plebeus carecas, ávidos por empregos descalços nas imensas propriedades dos primeiros- estava mudando seu rumo estagnado. Mesmo assim, continuava dificílimo para os negros…
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Grandes Ordens religiosas recebiam não brancos, somente para funções de faxina, cozinha, despejo de águas sujas dos bem-nascidos…
D. José foi aceito no Seminário. E chegou à condição de arcebispo. Na vanguarda. O primeiro afrodescendente a envergar vestes talares vermelhas, no País. Recebeu o apelido (muito condescendente e preconceituoso) de D. Pelé e, posteriormente, coroando uma caminhada de defensor ferrenho dos direitos humanos, na ditadura, de D. Zumbi. Desta vez, merecido. Em homenagem ao Guerreiro dos Palmares das Alagoas dos Marechais de outros sofridos agostos…
Durante anos, D. José esteve à frente da Diocese de João Pessoa. Amigo do peito de gente do bem- sussurra o Pêndulo. Das beneditinas (falecidas) Irmãs Agostinha Vieira de Mello e Maria Letícia Penido; do dominicano (finado) D. Thomás Balduino, do beneditino Pe. Marcelo Barros, do carmelita Frei Carlos Mesters, do jesuíta negro Pe. Clóvis Cabral … Gente do evangelho. Que execrou e execra a mediocridade maquiada e fedorenta.
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O mês de Augusto, o imperador romano que marcou o calendário, chega ao fim amanhã. Tempo em que se comemora o Dia Nacional do Perdão.
A autora, deputada Keiko Ota (PSB-SP), escolheu como marco a data do hediondo homicídio de seu filho Ives, de oito anos, em 1997. Ela e o marido perdoaram os assassinos… Impossível de compreensão fora da fé: a chave para a mudança. A causa de D. José: a erradicação do mal, pela prática do bem, que compreende o ato de perdoar. Onde o amor tudo supera. Mas para isso é preciso que todos sejam eiguais; mesmo que diferentes.
Hoje, 30, é dia em que os romanos celebravam a deusa Cáritas. Deus dirige a cada cultura uma palavra de amor. Que o Altíssimo jorre em nós a graça do perdão, minha gente. Para Ele nada é impossível.
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