Se estivermos diante de uma cesta de frutas e alguém perguntar se preferimos laranja ou maçã, certamente será fácil responder, dependendo do gosto de cada um. Mas, se nesta questão estiver envolvido dinheiro e precisarmos decidir se estamos dispostos a pagar R$ 2,00 pela maçã e R$ 1,00 pela laranja, a decisão terá que ser melhor avaliada. Sempre que o dinheiro é acrescentado em alguma questão, qualquer decisão requer um pouco mais de cuidado ou fica mais difícil.
Por que as decisões envolvendo dinheiro tornam-se mais complicadas? Por causa dos custos de oportunidade. É o que os autores Dan Ariely e Jeff Kreisler abordam no livro A Psicologia do Dinheiro. O dinheiro tem algumas características que o tornam útil, porque ele é:
- Genérico: pode ser trocado por quase tudo.
- Divisível: pode ser aplicado a quase qualquer artigo de qualquer tamanho, não importa quão grande ou quão pequeno este seja.
- Intercambiável: qualquer cédula de R$ 10,00 pode ser trocada por outra cédula de R$ 10,00, não importando onde e como a obtemos.
- Armazenável: pode ser usado a qualquer momento, agora ou no futuro; o dinheiro não fica velho nem se deteriora, podendo perder algum valor, em decorrência da inflação, ou totalmente, quando a moeda foi substituída por outra.
- Bem comum: não importa o segmento social, a religião, a opção política, etc., se é pessoa do bem ou do mal, o dinheiro vai ter sempre o mesmo valor.
Quando se leva em conta as características especiais do dinheiro, fica claro que se pode fazer quase qualquer coisa com ele. Mas, isso não significa que se possa fazer tudo, a não ser que se trata de uma daquelas pessoas minoritárias da sociedade que não tem problemas com falta de dinheiro. Mas, a grande maioria dos simples mortais – certamente mais de 95% da humanidade – precisam realizar escolhas, às vezes com sacrifícios. É preciso escolher coisas que vamos deixar de fazer para poder realizar outras. Quando gastamos dinheiro num item, não podemos gastar esse mesmo dinheiro em outro. Isso significa que, conscientemente ou não, precisamos avaliar os custos de oportunidade sempre que usamos dinheiro.
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Para se ter uma ideia da importância de avaliar os custos de oportunidade e por que, geralmente, não é levada em conta, vale o seguinte exercício: imagine que alguém, em toda segunda-feira, separa ou se propõe a gastar R$ 500,00 durante aquela semana. No primeiro ou segundo dia, a pessoa não se preocupa com o que está gastando dinheiro; pode ser até na compra de alguma roupa que estava namorando há algum tempo. Mas, ao chegar a sexta-feira e o saldo de dinheiro reservado para aquela semana estar em R$ 50,00, é necessário avaliar cada novo desembolso, afinal tem ainda o sábado e o domingo, com demandas específicas e mais caras.
Ao tomarmos decisões financeiras deveríamos pensar nos custos de oportunidade. Os custos de oportunidade precisam levar em conta as alternativas de que estamos abrindo mão ao optarmos por gastar dinheiro ou, até, emprestá-lo para alguém. É muito comum as pessoas que emprestam ou pedem emprestado dinheiro entre familiares, colegas, amigos, não levarem em conta os custos de oportunidade. Quem recebeu dinheiro emprestado e não o devolve no prazo prometido ou combinado, acha que, se pagar um juro de 1% ao mês, por exemplo, está sendo justo, esquecendo que quem emprestou o dinheiro poderia emprega-lo em outra coisa, eventualmente mais rentável ou mais seguro ou, até, para pagar uma despesa inesperada.
Para piorar nossa capacidade de avaliar os custos de oportunidade, não entendendo os efeitos futuros do gasto presente do dinheiro, existem os vários instrumentos financeiros de crédito, como cartões, financiamentos imobiliários, de carros, estudantis. Esses instrumentos de crédito funcionam como atalhos mentais que nos facilitam as decisões financeiras, embora nem sempre nos ajudem a fazê-las da forma mais desejada ou lógica, nos levando, com frequência, a erros.
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É claro que os custos de oportunidade não se restringem ao domínio das finanças pessoais. Eles acontecem em qualquer instituição, inclusive nas políticas de governo. Todo avião ou navio de guerra que um país compra, por exemplo, no fim das contas é um dinheiro que poderia ser empregado em construções de hospitais, escolas, infraestrutura, segurança. Então, de acordo com os autores Dan Ariely e Jeff Kreisler, o maior erro envolvendo dinheiro e a razão de se cometer tantos outros, é não pensar suficientemente ou nem pensar nos custos de oportunidade.
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