A opção de veículo movido a energia elétrica, que surge como alternativa para diminuição dos custos do dia a dia e se identifica com o objetivo de preservação ambiental, fica travada no valor de aquisição. O Rio Grande do Sul tem apenas 140 carros com uso exclusivo desse tipo, o que representa uma pequeníssima parte dentro do universo da frota gaúcha, que soma 7.231.674, de acordo com dados atualizados pelo Departamento de Trânsito (Detran) em julho. E Santa Cruz do Sul tem apenas um carro emplacado.
A cidade do Vale do Rio Pardo conta com mais pontos públicos de recarga, os eletropostos, do que veículos emplacados. O primeiro foi inaugurado em julho de 2020, na Agro Comercial Afubra. Pouco depois, utilizando o sistema de captação de energia solar, outro foi lançado no Supermercado Schmitz, na Estrada de Acesso à Linha João Alves.
A Solled Energia, empresa que instalou as placas fotovoltaicas no mercado, também tem um eletroposto em sua sede, além da projeção de instalação de novos em posto de combustíveis santa-cruzense, em Taquara e em Bento Gonçalves. Ela é a proprietária do único carro exclusivamente elétrico emplacado na cidade, um BMW i3.
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Mas se as opções para abastecimento aumentam, a demanda ainda engatinha. E o motivo é o alto valor a ser pago pelo veículo. O empresário Fernando Ricardo Schmitz, sócio-proprietário do supermercado, é um exemplo. Mesmo tendo disponibilizado para seus clientes o ponto de carga, ainda não adquiriu um carro com o sistema. “A manutenção é muito em conta, mas o alto valor do veículo impede a aquisição, pelo menos por enquanto. Espero que mais para frente seja facilitado”, frisa, e adianta que um dos objetivos da empresa é incrementar a frota com carros elétricos.
Exemplo da diferença dos valores, entre os que utilizam combustíveis fósseis, é o Zoe E-tech, lançado no Brasil pela Renault. O modelo custa R$ 230 mil e pode ser adquirido em grandes centros, como São Paulo. Um semelhante, flex (gasolina e álcool), seria o Kwid 1.0, que demanda investimento de R$ 56 mil.
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O sócio-proprietário da Solled, Josué Lopes Farias, lamenta a dificuldade para a aquisição dos veículos movidos a energia elétrica, pois o custo-benefício de manutenção é muito positivo. “Se for comparado com a gasolina, é muito em conta. Um quilômetro rodado com energia elétrica custa R$ 0,13, enquanto a gasolina fica, em média, a R$ 0,60 (considerando um carro que consuma um litro por dez quilômetros rodados). Se for com o sistema fotovoltaico, reduz para R$ 0,04, R$ 0,05 por quilômetro”, contabiliza.
Há outros fatores do cotidiano que também servem de reforço. Não há a necessidade de troca de óleo periódica e o Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) é zerado no Rio Grande do Sul. “Temos um i3 (BMW), no qual só fizemos as revisões. Até hoje, o único custo foi com pneus e com o filtro do ar-condicionado”, exemplifica Farias.
Após a fase de testes com resultados positivos, a Bebidas Fruki, de Lajeado, avança no seu programa de logística verde com o início da operação dos caminhões elétricos para entregas ao mercado gaúcho, sendo pioneira no Estado a adotar a tecnologia para transporte de cargas.
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Os veículos elétricos têm 0% de emissões diretas de C02, menor poluição sonora e maior eficiência energética, contribuindo para a adoção de gestão logística sustentável. Inicialmente com três caminhões, tem o objetivo de ampliar a frota elétrica até 2030, criando modelo de logística conectado à estratégia de ESG da empresa, que vem avançando em diversas ações envolvendo questões ambientais, sociais e de governança corporativa. “Todos temos que contribuir para reduzir os gases do efeito estufa emitidos na atmosfera”, destaca o diretor comercial da Bebidas Fruki, João Miranda.
Indiferentemente dos valores, o empresário Fabiano Ziebell buscou os carros híbridos (gasolina/elétrico) com o objetivo de incentivar a preservação ambiental. Cliente da Afubra, aproveita a ida à loja para recarregar seu Volvo. “Além de utilizar o eletroposto da loja, tenho quatro pontos de carga. Em casa, deixo carregando à noite, utilizando a reserva da energia gerada pelas flacas fotovoltaicas”, conta.
O inconveniente percebido por Ziebell é a falta de uma malha de abastecimento espalhada pelo Estado. “Ainda não temos a estrutura necessária para poder pegar a estrada com o carro somente elétrico”, frisa. Foi com o objetivo de suprir essa necessidade e incentivar novos usuários que foi instalado o eletroposto da Afubra.
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A intenção, destaca o gerente comercial da Agro Comercial, Ricardo Senger Michel, é estar preparado para atender os clientes locais e os visitantes de outras regiões, sem que represente custo para o usuário. Os números da Associação Brasileira de Veículos Elétricos mostram que a demanda pode aumentar. Foram emplacados, entre janeiro e abril, mais de 7 mil veículos, sendo 428 100% elétricos. O aumento é de 29,4% em relação ao mesmo período de 2020.
Na região, a evolução deste setor, assim como em Santa Cruz, é discreta. Até o momento, a Afubra conta com cinco veículos diferentes, que utilizam a carga semirrápida de até uma hora e 30 minutos. A equipe trabalha no projeto Rota Solar Afubra, que visa instalação de eletropostos em filiais nos três Estados do Sul.
Com o objetivo de aumentar o número de veículos com combustíveis alternativos emplacados no Estado, a equipe do Detran realiza estudo a ser apresentado para o governador Eduardo Leite. A intenção, diz o diretor-geral do órgão, Enio Bacci, é criar mecanismos que tornem mais fácil adquiri-los e mantê-los. “Acredito que, pelo tempo, não conseguiremos viabilizar já em 2022, mas quem sabe no próximo ano já tenhamos este facilitador. O governador é defensor dessa ideia também”, reforça.
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