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Custo de vida dos mais pobres ficou 1,2% mais caro que o dos ricos no último ano

Que a vida dos pobres no Brasil não é nada fácil, parece ser consenso. Existe, no entanto, um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que comprova o quanto os aumentos de preços pesam para cada classe econômica. Em fevereiro, a inflação na faixa dos que têm a renda elevada foi mais expressiva, pulando de 0,34% em janeiro para 1,07%. Contudo, o acumulado dos últimos 12 meses mostra que o custo de vida teve maior elevação para quem possui menor renda, com 10,9%, ante 9,7% dos mais abastados.

A economista Cintia Agostini explica que a definição do quanto varia a inflação entre as classes é calculada conforme os hábitos de consumo. As famílias com renda mais baixa sentem maior pressão inflacionária quando os aumentos estão concentrados em alimentos e bebidas. Já o período de reajustes nas mensalidades escolares e cursos extracurriculares, habituais no início do ano, reflete mais no bolso de quem tem maior rendimento.

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O levantamento referente ao segundo mês de 2022 mostra que houve, no País, acréscimos nos cereais, farináceos e panificados, como feijão (9,4%), farinha de trigo (2,8%), biscoito (2,3%), macarrão (1,1%) e pão (1%). Os preços dos alimentos in natura, como batata, cenoura e repolho, que tiveram reajuste superior a 20%, ajudam a explicar a curva da alta do custo de vida para quem é mais pobre.

Por outro lado, o período de retorno das aulas fez com que a educação representasse o maior foco inflacionário em fevereiro, entre os ricos. Só não foi maior porque houve deflação de planos de saúde, passagens aéreas, etanol e gasolina, que teve revés em março, mas ainda não integra a pesquisa; assim como os farináceos, que apontaram aumento expressivo em decorrência da guerra no Leste Europeu.

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O aumento de fevereiro não reflete o desempenho do ano. “Invariavelmente, os pobres sempre são mais atingidos, porque a maior parte da renda é usada para consumo de subsistência. No caso dos ricos, a fatia de renda para transporte, alimentação e habitação é uma parte da receita. No caso do pobre, é quase tudo”, explica.

As causas

A alta dos preços é sentida pelos pobres, ressalta Cintia, pelos mais diferentes motivos, como a pandemia, que gera característica inflacionária mundial. Ela acrescenta os problemas domésticos, como a lógica da matriz tributária brasileira – em que todos pagam pelo consumo –, que é algo que pode ter a interferência do poder público. “Isso sempre bate mais em quem tem menor renda”, aponta. Em alguns casos, porém, as questões são mais difíceis, como a deficiência hídrica, que tem afetado o preço da energia elétrica e o desempenho do setor primário.

As faixas de renda

O instituto divide a pesquisa em renda muito baixa, com rendimento inferior a R$ 1.808,79; renda baixa, entre R$ 1.808,79 e R$ 2.702,88; média baixa, R$ 2.702,88 a R$ 4.506,47; renda média, entre R$ 4.506,47 e R$ 8.956,26; renda média alta, entre R$ 8.956,26 e R$ 17.764,49; e renda alta, acima de R$ 17.764,49.

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Saída é pesquisar e substituir produtos

Clarissa Leal Prestes tem 30 anos e é mãe de três filhas. Moradora do Loteamento Viver Bem, em Santa Cruz do Sul, ela percebe a cada compra os aumentos no custo dos produtos, que têm motivado mecanismos para conter os gastos. Ela aponta alguns itens que são essenciais e pesam no bolso, como café, óleo de soja, arroz e carne.

A opção, conta, é promover a substituição por concorrentes de valores menores ou outros produtos. Para a carne bovina, a alternativa é a de suíno ou frango. “Existem casos em que as marcas mais baratas são muito ruins. Daí somos obrigados a pegar as mais caras, mas sempre que é possível eu troco, nem que seja por um ou dois centavos mais barato”, afirma. Cita o exemplo da fralda, que a filha mais nova utiliza. Entende que não dá para trocar por qualquer uma.

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A dona de casa sente no dia a dia a influência da inflação apontada pelo Ipea. Exemplifica que a ida às compras rendia mais produtos com determinado valor. “Agora, você vai no mercado com R$ 100,00 e volta com duas sacolinhas”, diz. Como auxílio para minimizar esse efeito, utiliza as práticas de fidelização criadas pelas empresas mercadistas, como o cadastro de clientes, que oferece desconto em determinados itens.

Clarissa: preferência pelos mais baratos | Foto: Alencar da Rosa

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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Naiara Silveira

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