Um curto-circuito no sistema de refrigeração, no segundo piso da fábrica de calçados Beira Rio de Mato Leitão, pode ter gerado o incêndio que consumiu cerca de 90% da estrutura do prédio. Embora ainda não confirmada pela perícia, a hipótese é sugerida pelo Corpo de Bombeiros de Venâncio Aires, que atendeu a ocorrência na madrugada de terça-feira, 17.
Conforme o tenente Luciano Machado Moraes, comandante dos Bombeiros de Venâncio, a empresa estava com os alvarás de prevenção contra incêndio em dia. Segundo ele, o alvará foi refeito no fim do ano passado e valeria até 20 de agosto de 2024.
“Pela característica da empresa, esse tipo de confecção utiliza uma carga de material combustível muito alta. São produtos sintéticos e cola, o que possibilitou uma propagação rápida das chamas. Nós atuamos com o objetivo de proteger as pessoas e minimizar os danos”, relatou Moraes.
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O tenente ainda informou que dois caminhões do Corpo de Bombeiros de Venâncio Aires e um de Lajeado atuaram na ocorrência. “Foram usados cerca de 100 mil litros de água para conter o fogo. Tínhamos a preocupação de proteger dois cilindros com 190 quilos de GLP (gás liquefeito de petróleo), usado para aquecimento e em veículos. Além disso, havia uma peça com depósito de combustível da empresa. Poderia ter ocorrido uma explosão e as perdas seriam muito maiores”, ressaltou o comandante.
A empresa divulgou uma nota em que destaca que não houve feridos na ocorrência e agradece o trabalho dos bombeiros e da Prefeitura. “As causas serão investigadas pela perícia”, acrescentou o comunicado.
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Dispensas
A fábrica da calçados Beira Rio é a maior empresa de Mato Leitão, com cerca de 850 funcionários. Segundo informações extra-oficiais, centenas de trabalhadores teriam sido chamados na sede para finalizarem os contratos. Porém, procurada pela Gazeta do Sul, a empresa preferiu não se manifestar e não confirmou a informação.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Calçado e Vestuário de Venâncio Aires e Mato Leitão, João Emerson Dutra de Campos, revelou que vários colaboradores procuraram a entidade para se certificarem dos seus direitos. “Pelo que eles nos relatam, a empresa tem dado todos os benefícios e indenizações previstos na lei. Os funcionários que não foram demitidos foram recolocados em outras unidades, como Santa Clara e Roca Sales. Estimamos que o total de demissões possa chegar a 700”, comentou Campos.
O presidente ainda ressaltou que os funcionários da empresa podem buscar assistência no sindicato, que funciona na Rua Getúlio Vargas, 1.172, no Centro de Venâncio Aires. O telefone para contato é o (51) 3741-2092.
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Um duro golpe para o município
Sem a arrecadação da principal fábrica da cidade, o Município de Mato Leitão terá que ter criatividade para manter a estimativa de fechar o ano com saldo positivo. O secretário municipal de Finanças, Cleberton Ferreira da Silva, relatou que a cidade já enfrenta uma situação delicada por conta da estiagem. “Agora com o coronavírus e o incêndio na Calçados Beira Rio, as coisas vão se complicar mais. Mantemos cautela, até em respeito à direção da empresa. O Município vai ter um impacto nesses meses em que a empresa ficará parada para reconstrução. Herdaremos um grande número de pessoas desempregadas, inclusive de cidades vizinhas, que vinham trabalhar aqui. No atual momento, as pessoas sequer têm como ir buscar um posto de trabalho”, lamentou o secretário.
Ao projetar o próximo ano, Silva afirmou que a inatividade e o consequente não recolhimento de impostos para a Prefeitura trarão reflexos. “Um possível fechamento, por mais que temporário, vai ser sentido nos próximos dois anos. É preciso buscar uma alternativa. O que estiver ao nosso alcance, vamos fazer.”
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