Um curso de extensão que inicia nesta semana em Santa Cruz do Sul vai abordar a alimentação como uma forma de os indivíduos se expressarem culturalmente. Cultura Alimentar: Sabores e Saberes para o Bem Viver será oferecido online e gratuitamente. Um dos objetivos da atividade é compartilhar práticas saudáveis de alimentação e uso de espécies milenares e estabelecer espaços de troca e valorização da cultural alimentar afro-brasileira e indígena. O projeto é executado por meio do Edital Criação e Formação Diversidade das Culturas, realizado com recursos da Lei Aldir Blanc.
A idealizadora do projeto é a química industrial Marta Nunes, que atualmente é docente na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), atuando nos cursos de Ciência e Tecnologia de Alimentos e Agroecologia. Com experiência na indústria de processamento de alimentos e também em cooperativas vinculadas a pequenos agricultores, Marta conta que há muitas décadas o uso exacerbado de agroquímicos tem distanciado o público de maneiras mais saudáveis de produzir e consumir alimentos.
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“Nos distanciamos inclusive de práticas antigas de respeito aos ciclos naturais e espécies adaptadas. Então não é só comida, é cuidado, memória, prazer, saúde”, explica. A equipe de coordenadores inclui também Vagner de Moura, da Alma da Terra Terapias de Santa Cruz do Sul, e a jornalista e produtora audiovisual Luciele Oliveira, de Porto Alegre. As atividades online do curso serão gratuitas e caso seja possível organizar as vivências presenciais, poderá haver uma cobrança para transporte e compra de ingredientes, já que está prevista uma oficina sobre plantas alimentícias não convencionais (Pancs).
Além dos encontros digitais, no fim do curso será disponibilizado um e-book com os materiais produzidos. Parte das aulas com os palestrantes será gravada e estará no canal do projeto. “Além disso, vamos lançar séries de entrevistas de pessoas vinculadas à questão de soberania alimentar”, conta Marta Nunes. O curso vai abordar a alimentação como cultura, partilhando saberes da herança afro-brasileira e indígena, e os participantes poderão compartilhar seus próprios conhecimentos.
Programação
O curso será no formato online, com quatro encontros pelo Google Meet às terças e quintas-feiras – nesta quinta-feira, 24, e na próxima terça-feira, 29, e nos dias 1° e 6 de julho –, das 19 horas às 21 horas. Os quatro módulos vão abordar os seguintes temas: Cultivo de Plantas Medicinais e Pancs: Quando o remédio pode ser encontrado no seu quintal, Plantas Alimentícias não Convencionais (Pancs): Trazendo novos sabores e nutrientes ao nosso prato, Agro é…: Modelos produtivos nocivos, segurança alimentar e meio ambiente e Agroecologia: Cuidando do planeta e de todos os seres vivos!.
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As inscrições foram abertas na semana passada e se esgotaram em menos de 24 horas, com todas as 50 vagas preenchidas, ultrapassando o previsto pela organização. Os inscritos receberão um e-mail de confirmação da vaga. Para quem não conseguiu se inscrever, haverá lista de espera. Dúvidas podem ser tiradas pelo número (55) 99685-4473 ou por e-mail para [email protected] ou [email protected].
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História
Para a professora, a história da alimentação se confunde com a própria humanidade, já que cozinhar mudou o curso dos povos e nos tornou seres culturais. “A alimentação e a gastronomia estão relacionadas ao ato de cultivar e preparar alimentos, o que traz à tona quem nós somos e nossas memórias individuais e coletivas, nosso desenvolvimento afetivo e também práticas passadas de geração em geração e aspectos ligados a uma forma de ser, estar e de ver o mundo. São elementos que compõem aquilo que se entende por cultura.”
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O curso abordará a maneira como as pessoas se relacionam com a alimentação, que vai muito além das necessidades fisiológicas, nutricionais e de sobrevivência. Os hábitos alimentares não são neutros e podem ser associados a eles aspectos culturais de distinção social, crenças e ideais, o que torna comer também um ato político. “A comida nos conecta com outro e com o mundo, é fio que tece nossas conexões humanas com nossas identidades, ancestralidades, culturas, crenças e histórias”, completa.
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