Escândalos. É como buffet, é só escolher. Pode ser “rachadinha”, auxílio emergencial, respiradores, e, vejam só, até currículo. Mesmo de menor valor ou consequência social, delitos comportamentais não deixam de traduzir uma índole suspeita.
Faz tempo, estamos a merecer um apurado estudo de caráter sociológico/psicológico, de modo a esclarecer e complementar teorias sobre o caráter do povo, sobre a natureza (a)ética do brasileiro.
Parênteses histórico. Ensinamentos do mestre Raimundo Faoro (1925-2003). À época da colonização portuguesa, relembrando, há registros sobre o desembarque de nobres, funcionários públicos, soldados e criminosos. Quase todos solteiros e interessados em grana fácil.
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À administração colonial e ao aparelhamento burocrático estatal é atribuída a responsabilidade pelo nosso subdesenvolvimento. A sociedade de então se adaptou a esta estrutura. Consequentemente, o fruto dessa deformação e adaptação social é o “jeitinho brasileiro”.
Com o passar do tempo, lei e ordem passaram a significar pouco, quase nada. Fraudes, falsificações, desrespeito a contratos, entre outros exemplos, são atitudes que não sofriam reprovação social.
Hoje, não faltam notícias e episódios diários que relacionam a conduta do brasileiro ao famoso estigma de “querer levar vantagem em tudo”. Inúmeras dessas fraudes são praticadas por autoridades e servidores públicos, em conluio com pessoas do povo e da própria comunidade.
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Detalhe. Mas nunca o suficiente para inibir a tentação e o oportunismo. Flagrados, abusados e reincidentes, depois da primeira mentira sucedem-se as demais.
Não é exclusividade da prática política. São comportamentos e reações tipicamente humanos. Afinal, ninguém gosta de ser confrontado, de ser chamado a dar explicações, ou, em casos mais graves, de ser acusado.
De um modo ou de outro, a seu tempo, maneira e circunstância, seu autor provavelmente responderá por seus atos e consequências. A começar pelas relações pessoais.
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Mas quando se trata de questões públicas, que afetam a comunidade como um todo, e cujo ônus, em geral, corre à conta dos cofres e do dinheiro público, isso nem sempre fica claro, urgente e responsabilizável.
Ou porque a autoria, o ato e sua consequência são realmente duvidosos e/ou discutíveis, ou porque não é do interesse de alguns o respectivo questionamento.
Logo, esses fora-da-lei e seus parceiros são tão abusados que eu nem sei o que é mais ofensivo para o cidadão, o ato de roubar ou sua ousadia em nos ignorar e desrespeitar.
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