A Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP-25, em Madri, na Espanha, terminou na manhã desse domingo, 15, após quase dois dias de atraso, sem alcançar seus objetivos. Representantes de cerca de 200 países concordaram de modo tímido a “refletir” em 2020 sobre como aumentar a ambição “o máximo que puderem” em suas metas de redução de emissões, as chamadas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), e em financiamento climático.
O objetivo era tornar mais ambiciosas as metas de combate às mudanças climáticas em 2020 para cumprir o Acordo de Paris, em que os países se comprometem a impedir que a temperatura média do planeta suba neste século mais que 1,5 grau Celsius. O acordo, intitulado Chile-Madri, hora de agir, falhou em seu objetivo de trazer a urgência da crise climática para dentro da implementação do Acordo de Paris. E a decisão sobre mercados de carbono, tema central da conferência, foi adiada para a COP-26, em Glasgow, na Escócia.
A própria presidente da COP-25, a ministra de meio ambiente do Chile, Carolina Schmidt, demonstrou insatisfação. Ela pediu que os representantes dos quase 200 países presentes no evento sejam capazes de dar uma resposta mais sólida, urgente e ambiciosa à crise. “Não estamos satisfeitos. Queríamos fechar a questão do artigo 6 (do Acordo de Paris) para implementar um mercado de carbono robusto com integridade ambiental, focado em gerar recursos para uma transição ao desenvolvimento sustentável”, destacou.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também disse estar decepcionado com os resultados. O ex-primeiro-ministro de Portugal disse estar “mais decidido do que nunca” a trabalhar para que 2020 seja o ano que todos os países se comprometam a fazer o que a ciência recomenda. “É necessário neutralizarmos o carbono em 2050 e não irmos além dos 1,5 graus de aumento da temperatura do planeta.”
Brasil
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que liderou a delegação brasileira, lamentou nesse domingo a falta de acordo em torno da regulamentação do mercado global de créditos de carbono. Em sua conta no Twitter, afirmou que a “COP-25 não deu em nada” e prevaleceu o “protecionismo” de alguns países.
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O Brasil, porém, foi acusado por vários países de ser ele quem estava fazendo exigências que não eram bem vistas, que poderiam levar a uma contagem dupla de créditos de carbono ou mesmo a comprometer a capacidade do Acordo de Paris de alcançar suas metas.
Salles passou a maior parte das duas semanas que esteve em Madri exigindo pagamento de países ricos por realizações passadas do Brasil, quando houve redução de emissões – mas sem ponderar que o cenário atual é ruim. O governo brasileiro chegou a Madri com alta de 29,5% do desmatamento, a principal fonte de gases de efeito estufa do Brasil, e nenhum plano sobre como vai reduzir essa taxa. Também não apresentou nenhuma intenção de trazer metas mais ambiciosas de redução de suas emissões em 2020.
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