A gestão Barack Obama, que foi peça-chave na assinatura do Acordo de Paris e para que ele entrasse em vigor no dia 4, tenta conter um pouco o pessimismo que se abateu sobre as negociações climáticas em relação ao futuro do acordo com o comando americano nas mãos de Donald Trump. Em entrevista à imprensa na 22ª Conferência do Clima (COP-22), em Marrakesh (Marrocos), o negociador-chefe dos EUA, Jonathan Pershing, disse esperar que o “momentum” evite o abandono total dos compromissos.
Segundo ele, “mercados estão se movimentando, e os países estão seguindo isso”. “Preços para energia renovável estão dramaticamente caindo. Foi necessário um esforço global para chegar ao Acordo de Paris. Chefes de Estado podem e vão mudar, mas estou confiante que podemos e vamos sustentar o esforço para lutar contra as mudanças climáticas.”
Anteontem, o secretário de Estado, John Kerry, antes de embarcar da Nova Zelândia para o Marrocos, declarou à agência Reuters que o governo Obama faria o possível para implementar o acordo antes da posse de Trump. “Até 20 de janeiro, quando esta administração termina, nós pretendemos fazer tudo o que for possível para cumprir nossa responsabilidade com as gerações futuras.” Pershing afirmou que amanhã o governo vai lançar a estratégia “para sugerir algumas trajetórias que atendem ao objetivo”, mas não conseguiu responder como poderá garantir que Trump nada desfaça.
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Os Estados Unidos se comprometeram, pelo Acordo de Paris, a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 26% a 28% até 2025. A maior parte dessa meta deveria ser cumprida com base na regulação do sistema energético. Mas Trump disse que reveria isso e voltaria a investir em carvão, o combustível fóssil mais poluente.
Impacto em outros países. A União Europeia enviou uma mensagem para Trump, afirmando que os EUA correm o risco de enfrentar uma reação de outros países, se ele de fato tirar o país do Acordo de Paris. Mais cedo, o ex-presidente francês, Nicolas Sarkozy, sugeriu que a Europa imponha um imposto sobre o carbono nos produtos importados dos Estados Unidos, se o país sair do acordo
No fim de semana, a agência de notícias Reuters divulgou informações de um membro do comitê de transição de Trump, falando sob a condição de anonimato, que o futuro presidente estuda como sair do Acordo de Paris “da forma mais rápida possível”. Depois de eleito, Trump também sinalizou que colocará um conhecido negacionista das mudanças climáticas, Myron Ebell, para fazer a transição na Agência de Proteção Ambiental (EPA), órgão que hoje está por trás de todo o controle americano de emissões.
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