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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Culpados somos todos

Tragédias não são exclusividade brasileira. Sucedem-se em todas as nações. Salvo ações incontroláveis da natureza, as tragédias quase sempre têm na ação e omissão humana seu efeito disparador.

E dada a massiva e sofisticada utilização da tecnologia, também são frequentes os acidentes que decorrem de falhas técnicas dos equipamentos, independentemente da operacional intervenção ou omissão humana.

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Tocante aos incidentes nacionais, nos episódios de ação e omissão, seja na determinação da causa ou nas (ou falta de) ações de remediação das consequências, sempre se sobressaem os piores frutos de nossa aversão ao método: a incompetência e a negligência.

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É necessário recordar fatos? Os mais velhos lembram o naufrágio da lancha Bateau Mouche e o desabamento do prédio de Sérgio Naya. Depois, a catastrófica aterrissagem do voo da TAM no aeroporto “alagado” de Congonhas, o incêndio na creche de Uruguaiana, o mergulho do ônibus escolar na barragem de Erechim.

A incompetência e a negligência são irmãs siamesas. Imprudência, incapacidade, inabilidade, inaptidão e não idoneidade na concretização de determinada obra ou tarefa fazem, em algum momento, toda a diferença. Negativamente!

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Regra geral, reagimos jocosamente àqueles que nos pedem cuidados preventivos, ações e controles predeterminados. Afinal, método e previsibilidade são repetitivos e monótonos. Não rimam com a nossa criatividade, não combinam com a nossa espontaneidade.

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Criatividade e espontaneidade são os nomes charmosos do nosso famoso “jeitinho”. E quando os metódicos – chatos!, como nos os chamamos – insistem e nos advertem, ironicamente respondemos: “Não dá nada!”.

Mas, às vezes, acontece. E mesmo entre milhares de ocorrências “anônimas” e sem vítimas graves, acontece, sim, a tragédia. De uma forma ou de outra, somos todos “inocentemente” tolerantes e omissos.

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Basta olhar ao redor com um mínimo de atenção. Ande pelas ruas e observe. Quando não é o comportamento individual e coletivo inadequado e de alto risco, a exemplo do trânsito, são as obras inacabadas, mal localizadas, não funcionais, precárias e inseguras.

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Nossos desejos e nossas idealizações público-privadas não resistem a um crítico e seletivo exame. A realidade vai nos derrotando paulatinamente. E de tempos em tempos, de forma amarga e cruel.

O texto acima foi publicado dias depois da tragédia de Santa Maria, agora sob julgamento judicial. No banco dos réus, quatro solitárias pessoas. Porém, repito, por histórica e sistemática ação e omissão coletiva, somos todos culpados. Aliás, já esquecemos a tragédia de Brumadinho?

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