Colunistas

Cuidando da memória

Sob elogiável organização de suas lideranças, estamos em plena celebração da imigração germânica nas primeiras comunidades formadas em Santa Cruz do Sul, com a passagem dos 173 anos da vinda dos imigrantes para a Alte Pikade (Picada Velha, atual Linha Santa Cruz) e 170 anos do mesmo evento na Neue Pikade (Picada Nova, atual Rio Pardinho), temas constantes em meu livro Carl & Ciss – Crônicas da Colônia Alemã. Vivemos também, e felizmente, uma fase em que se passou a dar maior atenção a recuperar informações dos nossos antepassados, por meio de mais pesquisas genealógicas e encontros familiares, que inclusive retornam com vigor após o período da pandemia.

Em meio a essas boas notícias, o amigo advogado Nestor Kirst compartilha uma questão que comentou com o pessoal da Paragem em Pinheiral, local que, ao lado da culinária, expressa preocupação com a preservação da memória na exposição de peças antigas e caracterização com apelo turístico. O assunto avaliado diz respeito aos cemitérios no município, sobre os quais esse ponto bastante frequentado é seguidamente questionado por familiares em visita e à procura pelo lugar onde repousam os ancestrais.

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Diante do interesse que desperta o assunto, do qual também participo em vista de seguidas buscas feitas por dados de ascendentes, vale levar em conta a proposta por ele levantada no sentido de se ampliar cuidados com os locais de sepultamento e providenciar inclusive o cadastro público, junto com os nomes e informes básicas que constam nas lápides. Sem dúvida, ter acesso facilitado a essas informações coloca-se como uma questão pública, cultural e mesmo turística, que deve merecer a devida atenção.

Ao que se saiba, pouco existe a respeito até o momento, a exemplo do livro do pastor Armindo Müller com levantamentos feitos há algum tempo e que já acessei. Da mesma forma, pesquisas realizadas em cemitério da família na região, e em outros, têm se mostrado muito úteis nos questionamentos constantes que também recebo e não só do seio familiar. Além dos dados dessa natureza que nos fornecem cartórios, arquivos de igrejas, de instituições como Colégio Mauá e Unisc, é relevante a manutenção e disposição das informações históricas que nos fornecem as últimas moradas dos que nos antecederam, e assim apresenta-se como questão a ser encarada com maior ênfase.

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No mês em que há inclusive um dia dedicado a lembrar dos finados (o 2 de novembro), quando de modo geral se volta novamente os olhares para esses locais muitas vezes deixados de lado, é importante ressaltar não só o aspecto sentimental e pessoal, mas também o histórico que envolvem. Constata-se que, ao lado de monumentos bem conservados, outros restam abandonados, ou substituídos, ou perdidos, se não há roubos (como lamenta o zelador do antigo cemitério de Rio Pardinho, Eugênio Kappel), enquanto, por outro lado, a utilização diminui na medida em que cresce a opção pela cremação.

Tudo isso reforça o alerta e a indicação feitos para que se preserve e se cuide desta memória, com algum projeto de trabalho educacional nesse sentido, ou iniciativa de alguma parte do setor público voltada para a questão. Trata-se de serviço de grande utilidade pública que pode ser prestado, num campo ainda pouco explorado, mas, pelo que se nota, cada vez mais buscado pelas pessoas. Quem o fizer, por certo, será muito bem lembrado.

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