Sem dúvida, a tecnologia facilita nossa vida e veio para ficar; não tem mais volta. Nas finanças pessoais, as autorizações de débito nos bancos, chamadas de débitos automáticos, auxiliam no planejamento, acompanhamento e, principalmente, na liquidação de contas nos seus vencimentos, evitando o acréscimo de juros e multas por eventuais atrasos nos pagamentos, decorrentes muitas vezes de simples esquecimento. Como ganho acessório, mais tempo para ocupar-se com outras atividades, certamente mais prazerosas do que pagar contas.
É claro que a conta bancária precisa dispor de saldo para suportar o débito, sem o qual a conta não é liquidada e o consumidor pode tornar-se inadimplente com o fornecedor de algum produto ou serviço, sujeito às implicações já citadas. Por esses e outros motivos é necessário prestar atenção ao optar pela utilização do recurso do débito automático. Se, de um lado, oferece facilidades, de outro a tecnologia pode ser um risco para a vida financeira, se não for bem administrada. Uma possibilidade é perder o acompanhamento sobre determinado consumo.
Nas contas de serviços essenciais – água, luz, celular -, e em outras, como mensalidades de clubes, escolas, etc. geralmente não analisamos o valor debitado que, eventualmente, pode vir com variação expressiva a maior. A conta de luz, por exemplo, por algum motivo, pode ter tido um valor debitado bem acima da média dos meses anteriores; como o débito é automático, muitas vezes não nos damos conta da alteração, deixando de avaliar o motivo.
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Outro risco é pagar por algo que não se usa mais. Nas assinaturas, por exemplo, geralmente efetuadas pelo celular ou aplicativos, estão as compras de serviços que, individualmente, custam pouco – músicas, filmes, jogos, acessos de sites, etc. – cujos valores são lançados, sistematicamente, na fatura do cartão de crédito de cada mês. O problema é que a soma desses serviços pode representar um valor considerável no orçamento geral. Por procrastinação, falta de tempo ou esquecimento, acabamos não verificando, na fatura do cartão de crédito, cada um dos valores debitados. Pior: muitas vezes, até nem utilizamos o serviço contratado e, mesmo assim, o pagamos religiosamente.
Outro risco para o consumidor é colocar contas demais no débito automático. Ao conferir o extrato bancário e constatar que o saldo disponível diminuiu ou até sumiu, quem não tem controle nem ideia sobre seus gastos mensais pode repetir aquela pergunta que muitas pessoas se fazem: “para onde foi meu dinheiro?”
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Existem, ainda, os casos de valores de assinaturas ou débitos automáticos que são indevidos. É o caso, por exemplo, do pedido de cancelamento de algum serviço ou produto, cujos valores continuam sendo debitados porque o fornecedor insiste em encaminhar o débito ao banco, exigindo muita paciência e persistência do cliente para conseguir a solução do problema.
Embora não seja risco, mas é uma inconveniência do débito automático, pouco lembrada, não permitir, em caso de aperto financeiro, que o cliente postergue o pagamento de alguma conta. O valor do débito poderia ser utilizado para atender a alguma necessidade mais urgente.
Com relação aos débitos automáticos, existe pelo menos um que é muito salutar: usá-lo para poupar. Muitas pessoas, com pouca disciplina ou falta de organização financeira, autorizam a seu banco, tão logo ocorre o crédito do salário ou de alguma renda em sua conta corrente, a debitar um valor determinado e apropriá-lo em algum investimento. É uma forma de “salvar” dinheiro, antes que seja utilizado para outra finalidade.
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Não cabe demonizar a tecnologia que criou as facilidades da assinatura de serviços e o débito automático das contas. Apenas, precisamos fazer a nossa parte, tendo muito cuidado porque, como já dito anteriormente, pequenos gastos isolados, uma vez somados podem se tornar uma montanha de valores que somem de nossa conta bancária. Contribui para isso a revolução na maneira de vender e comprar. Trata-se da economia da associação, em que serviços, experiências e produtos são oferecidos mediante pagamento de mensalidade. Músicas, vídeos, softwares tornaram-se majoritariamente dominados pelo modelo de assinatura, no qual já entram também os automóveis.
Por fim, ter cuidado para que a automação não tire a capacidade de, pelo menos de vez em quando, examinar cada um dos itens relacionados na fatura do cartão de crédito ou debitados diretamente na conta corrente, avaliando o que cada um deles contribui para a qualidade de vida. Se for o caso, não ter preguiça muito menos vergonha para pedir o seu cancelamento. O que não se pode é terceirizar a administração das finanças pessoais ou familiares, entregando a fornecedores e bancos decidir o que pagar.
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