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Cucas & livros fundem-se na história de Santa Cruz

Outro dia estávamos, Romar Beling e eu, conversando sobre o que faz nosso lugar de viver ser peculiar, inconfundível. Realmente, há muitas especificidades que o identificam. Olhando para a efervescência literária em nosso meio e para as delícias, Romar muito bem destaca os livros e as cucas. Deveras, ambos fazem parte e qualificam Santa Cruz desde o princípio. De lá para cá, muitos escritores têm escrito textos de excelente qualidade, bem como as cucas sempre estiveram e se fazem presentes nos mais diversos eventos.

Certa vez estava eu a falar sobre Santa Cruz a um grupo de jovens estudantes portugueses em visita à universidade de Santa Cruz (Unisc). Para a hora do intervalo havíamos providenciado café com cucas. Antes de lhes apresentar a iguaria, eu queria falar acerca dessa delícia de nossa região. Para introduzir o tema, perguntei-lhes com que associavam “cuca”. Eles não tiveram dúvida, apontaram com o dedo para a própria cabeça.

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Veja só, nem todo mundo entende a denominação cuca para Kuchen, uma das muitas delícias que fazem Santa Cruz ser especial. Nem em Portugal, nem no Brasil. Se pesquisares na internet, encontrarás, em primeiro plano, Cuca para denominar um ser mitológico do folclore brasileiro, conhecido “popularmente como uma velha feia na forma de jacaré que rouba as crianças.”

No dicionário Aurélio, entre outros significados, se encontra: “Bolo feito com ovos, farinha de trigo, manteiga, fermento, e coberto com açúcar, cuque”. Bolo? Coberto de açúcar? Essa explicação não te parece muito rasa para a nossa maravilhosa cuca?

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Mas voltando aos estudantes portugueses. Para eles, cuca é uma gíria que significa “cabeça”, “mente”, “raciocínio”. Falaram até de algumas expressões idiomáticas relacionadas ao termo “cuca” – “ficar lelé da cuca” – “ficar de cuca quente” – “fundir a cuca” – “ficar encucado”.

Todas essas expressões têm deveras a ver com o entendimento dado pelos portugas. Mas aí nos aproximamos de outra expressão: “Cuca fresca” – podemos manter a cuca fresca lendo bons livros, mas também podemos saborear cuca fresca, hmm… sehr lecker/delicioso!

Orangenkuchen (cuca de laranja) de Gilda Rauber

Livros e cucas, saberes, sabores, gostosuras para a alma, o intelecto, para boas interações familiares e sociais. Não só fazem a efervescência cultural e gastronômica, como também se fundem com a própria história de Santa Cruz. Ambos fazem parte de Santa Cruz desde sua criação enquanto colônia, há quase 175 anos. Aliás, o termo cuca teria sua origem no termo alemão Kuchen. E em 28 de setembro próximo, estaremos celebrando 145 anos de emancipação política. Hoch lebe Santa Cruz! Viva Santa Cruz!

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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