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Crônicas de agosto

Pêndulo de aniversário… Três anos de coluna. Tempos brasileiros de transformações caleidoscópicas de sonhos e realidade… Delações, impeachments; Lava-jato lavando e não enxaguando coisa nenhuma. Coisas tristes e muito boas de 2014 para cá. Em 1961, na Argentina, em um 2 de agosto, foram cancelados os nefandos poderes concedidos ao exército para erradicar atividades subversivas… Outra vitória da vida, minha gente. A lei pendular da História…

Falando nisso, foi em um agosto que ouvi, pela primeira vez, a expressão “o pêndulo do relógio” ou “lei pendular da história”. Constantemente repetida nas aulas de Antonio Ferreira Cesarino Júnior (1906-1992), o primeiro professor de Direito do Trabalho do Brasil: catedrático das Arcadas do Largo de São Francisco (USP). 

Celebridade no universo jurídico acadêmico do mundo inteiro, nasceu de uma família afrodescendente paupérrima de Campinas (SP). Qualquer ventinho impunha-lhe capotes e cachecóis. Detestava dirigir e gostava de vinho do Porto. Era perito da OIT. Falava várias línguas “patrioticamente”: com forte sotaque de sua terra natal…

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Foi uma proeza um jovem pobre ingressar na Academia do Largo de São Francisco, nas primeiras décadas de 1900; tornar-se professor – e catedrático – uma verdadeira revolução. Mas introduzir uma disciplina, um quase prodígio. “Direito Social”: conceito caríssimo ao jurista. O professor foi uma lenda. Personalidades do patropi desistiram do curso de Direito em Sampa por conta do professor Cesarino; Rui Mesquita (falecido), um dos antigos donos de “O Estado de S. Paulo”, encabeça a lista.

Vinícius diz que a “vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. Toda vez que se comentava certa tendência – o fechamento disso ou abertura daquilo –, o professor dizia: “É a lei pendular da História”. Chegamos ao dia 2, do oitavo mês em honra de Otávio Augusto, o imperador. 

O vizinho de julho também conta 31 dias e noites. Mas somente o atual, agosto, tem fama de azarado e cheio de malocchio: muito mais tenebroso na língua de Dante, o autor da Divina Comédia… O dia 13, por exemplo… bate o recorde. Se cair em uma sexta, intensifica o desconforto. Para mim, pessoalmente, o dia 14 é muito triste, embora nele se celebre o mártir Kolbe… Mas isso é comigo e o Pêndulo do Relógio. Gosto deste mês que prenuncia a primavera; repleto de celebrações. Agosto apresenta uma fragrância ardida de saudade de outros, semelhantes dele, lá, recolhidos no colo de D. História… De vez em quando, acontece algo digno de posteridade e registro. No papel. No livro de verdade. Compreenderam? O pêndulo do relógio vai de um lado para o oposto e vice-versa. Mas a vida é imprevisível. Graças a Deus, a Infinita Surpresa. 

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Às vezes, o ponteiro surta. Então, não mais que de repente, D. História se transforma em mocinha apaixonada e requebra no compasso de o Samba da Benção, do eterno poetinha: “…A tristeza tem sempre uma esperança, de um dia não ser mais triste, não”…

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