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Crise em razão do coronavírus já causou 100 demissões em Santa Cruz

O encolhimento da atividade econômica nas últimas semanas já levou a pelo menos 100 demissões em Santa Cruz do Sul desde o início da pandemia do novo coronavírus. Levantamento feito pela Gazeta do Sul, porém, mostra que a maior parte dos principais setores do município não tem registro de desligamentos em massa até o momento.

O levantamento foi feito com base em informações repassadas por sindicatos laborais e por algumas empresas, já que não há números oficiais a respeito do impacto da crise sobre a empregabilidade. Em função da pandemia, o Ministério da Economia suspendeu a divulgação dos relatórios mensais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Um dos segmentos que registraram volumes expressivos de desligamentos é o transporte coletivo urbano. Na semana passada, o Consórcio TCS confirmou ter dispensado 30 funcionários em razão da queda no número de passageiros. As demissões atingiram principalmente motoristas e cobradores.

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Segundo o presidente do Sindiurbanos, Adriano Sperb, mesmo com a retomada parcial dos serviços nesta semana, não há perspectiva de novas contratações por enquanto. Ao todo, são cerca de 190 empregados no setor. Além dos demitidos, 20 pessoas tiveram os contratos suspensos temporariamente, 30 tiveram redução de jornada e salário e outros 50 ganharam férias antecipadas.

Outro setor atingido foi o de tecnologia. O CEO da Imply, Tironi Paz Ortiz, confirmou nessa quarta-feira, 22, a demissão de 70 colaboradores, enquanto outros 30 foram afastados por término de contrato. A empresa, que desenvolve sistemas de acesso e bilhetagem para estádios, entre outros, foi afetada pelo cancelamento de eventos esportivos e fechamento de pontos turísticos no País.

No comércio, um dos setores mais atingidos pela situação, não há registros de desligamentos em massa. No entanto, o presidente do Sindicato dos Comerciários, Afonso Schwengber, alegou que isso se deve ao fato de as rescisões não precisarem mais de homologação do sindicato. “Temos informações de que está havendo demissões, mas não temos controle sobre isso”, disse. Também houve casos como o da loja Havan, que suspendeu temporariamente os contratos de 80% do efetivo da unidade local.

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No setor de tabaco, também não houve demissões. Porém, em função das orientações de distanciamento social, as empresas estão postergando a convocação de empregados temporários. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Fumo e Alimentação (Stifa), Sérgio Pacheco, a expectativa é de que o número de contratações seja bem inferior ao da safra passada, quando cerca de 5,8 mil pessoas foram chamadas pelas fumageiras.

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OUTROS SETORES

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Construção civil – Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário, Hardi Assmann, não há registros de demissões em massa. Ele afirma que a maioria das empresas vem fazendo acordos de compensação de horas e antecipando férias aos funcionários. Ao todo, são cerca de 2,5 mil trabalhadores no setor.

Vestuário – A presidente do Sintravestuário, Maria Machado, diz que não há registros de demissões em massa. “Até porque já é um setor com poucos postos de trabalho”, explica. Atualmente, o segmento emprega em torno de 300 pessoas no município.

Agricultura – Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares (STR), Renato Goerck, não há registros de demissões em massa no setor primário, inclusive por se tratar de um período de entressafra, em que a demanda por trabalhadores na lavoura é menor.

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Metalurgia – O Sindicato dos Metalúrgicos informou que houve demissões no setor, mas não apresentou números.

Transporte rodoviário – O diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários, Luides Leopoldo, disse que a maior parte das empresas, sobretudo as de transporte de cargas pequenas, está adotando redução de jornada e salários. Não houve demissões até o momento.

Borracha – A Gazeta do Sul não conseguiu contato com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Artefatos de Borracha. Principal empresa do setor, a Mercur, que emprega cerca de 600 pessoas, informou, por meio da assessoria de imprensa, que não houve demissões. A empresa segue paralisada até o dia 4 de maio.

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Setor calçadista demite mais de 200 na região

Em todo o Rio Grande do Sul, mais de 5 mil trabalhadores foram demitidos desde o começo da pandemia. Apenas o setor calçadista registra em torno de 4,5 mil demissões, inclusive no Vale do Rio Pardo. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Vestuário (Sintravestuário), a Calçados Beira Rio dispensou cerca de 150 trabalhadores na fábrica de Candelária. Além disso, dois ateliês encerraram as atividades em Vera Cruz nos últimos dias, somando outras 94 demissões.

Na semana passada, a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado e do Vestuário do Estado do Rio Grande do Sul e o Sintravestuário entraram com ação civil pública na Justiça do Trabalho contra a Beira Rio, A alegação foi de que a empresa não estava cumprindo as obrigações trabalhistas nas demissões.

Segundo a presidente do Sintravestuário, Maria Machado, sob justificativa de força maior, os demitidos estavam recebendo apenas 50% do aviso prévio e da multa do FGTS. O mesmo, conforme ela, estava ocorrendo em ateliês terceirizados da empresa na região. Após a ação, porém, a empresa recuou e passou a pagar os benefícios integralmente. Tudo indica que os ateliês seguirão o mesmo caminho.

Procurada, a empresa informou que não se manifestará sobre o assunto.

Os números da Covid-19

Brasil
45.757 casos confirmados, em todos os estados
2.906 mortes (982 só nos últimos sete dias)

Rio Grande do Sul
970 casos confirmados, em 103 municípios
28 mortes

Santa Cruz do Sul
5 casos confirmados
14 casos suspeitos (1 internado)
459 atendidos no Ambulatório de Campanha

Encruzilhada do Sul
4 casos confirmados (1 internado)
1 caso suspeito
1 óbito

Candelária
1 caso confirmado (já recuperado)
1 caso suspeito
238 atendidos no Centro Especializado

Venâncio Aires
6 casos confirmados (2 internados)
4 casos suspeitos

Rio Pardo
1 caso confirmado (em isolamento domiciliar)
24 negativados

Vera Cruz
2 casos suspeitos
10 negativados

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