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Crise derruba a geração de empregos em Santa Cruz do Sul

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelam os efeitos da paralisação econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus em Santa Cruz do Sul. Embora tenha encerrado o primeiro quadrimestre com saldo positivo na geração de postos de trabalho com carteira assinada, o resultado foi o pior dos últimos anos.

O saldo de 2,6 mil contratações a mais do que demissões, que colocou Santa Cruz na terceira posição entre os municípios que mais empregaram no período no país, é reflexo principalmente das contratações de trabalhadores sazonais pelas empresas de tabaco. Essa demanda, porém, foi muito inferior à de anos anteriores. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Fumo e Alimentação (Stifa), o número de safreiros em atividade nas fumageiras atualmente é de 4,8 mil, ante 6,1 mil nessa mesma época no ano passado.

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Conforme o presidente do Stifa, Sérgio Pacheco, apesar da queda brusca nas admissões, não houve impacto sobre o salário dos safreiros, uma vez que os acordos com as indústrias já estavam fechados antes do início da pandemia. Além disso, a tendência é que os contratos sejam mantidos por mais tempo, em função do atraso no beneficiamento da safra tanto em razão da crise quanto por conta da estiagem. Assim, trabalhadores que em safras anteriores seriam dispensados entre julho e agosto devem permanecer até os últimos meses do ano. “Há uma empresa que já nos informou que vai manter os safreiros até a semana do Natal. Perdemos em número de trabalhadores, mas, por outro lado, tem essa vantagem de ficar por mais tempo”, observou.

De acordo com Pacheco, boa parte dos que não conseguiram colocação nas fumageiras estão dependendo do auxílio emergencial do governo federal. Outras 1,1 mil pessoas que foram contratadas estão afastadas por integrarem os grupos de risco da Covid-19.

Também puxado pela indústria fumageira, Venâncio Aires foi o município com o melhor resultado na geração de empregos em todo o país no quadrimestre. Entre as maiores cidades do Vale do Rio Pardo, apenas Santa Cruz, Venâncio, Vera Cruz e Rio Pardo tiveram saldos positivos. No Rio Grande do Sul, o saldo negativo foi de 53,1 mil – dessas, 15,8 mil apenas em Porto Alegre. Em todo o Brasil, foram fechados 763,2 mil postos.

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No comércio, admissões só no fim do ano

À exceção da indústria, todos os segmentos econômicos registraram mais demissões do que contratações em Santa Cruz. O segmento de serviços, por exemplo, que vinha sendo o principal motor da retomada da empregabilidade pós-recessão, encerrou o quadrimestre com 176 vagas fechadas, ante uma criação de quase 400 vagas no mesmo período do ano passado. Conforme o Caged, os setores de transporte e de alojamento e alimentação foram os que mais demitiram.

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No comércio, o tombo foi ainda maior: 470 postos fechados no período. De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Ricardo Bartz, uma pesquisa feita pela entidade apontou que as empresas de menor porte e os ramos de vestuário, calçados, salões de beleza, óticas e joalherias e chocolates e doces concentram os maiores volumes de desligamentos. Segundo Bartz, as demissões tornaram-se “inevitáveis” diante da falta de fluxo de caixa e das incertezas sobre o futuro.

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Embora com a flexibilização já feita pelo poder público a tendência é que não haja novas ondas de desligamentos, não há perspectiva de criação de novas vagas no curto prazo. Tudo indica que só haverá demanda por trabalhadores no fim do ano. “Não percebemos cenário para abrir vagas em nenhum segmento”, disse. Com isso, a tendência é que o ano termine com balanço negativo. “2020 será um ano do qual não vamos sentir saudades.”

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Ainda conforme Bartz, o ideal é que a flexibilização ocorra de forma gradual. “Temos de ter o cuidado de não gerar uma falsa ilusão de que a situação (da pandemia) está resolvida, e aí o problema voltar, e teremos de fechar de novo. Não podemos retroceder”, disse.

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Os números (Setor – 2019 – 2020)

Indústria – 5.565 – 3.659
Comércio – 61 – -470
Serviços – 390 – -176
Construção civil – 5 – -56
Agropecuária – -279 – -290

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Mês a mês
Janeiro – 652
Fevereiro – 2.271
Março – 534
Abril – -790

Ano a ano*
2020 – 2.667
2019 – 5.750
2018 – 6.356
2017 – 5.694
2016 – 4.829
2015 – 5.629
* Refere-se ao primeiro quadrimestre de cada ano.

No Estado
Porto Alegre – -15.891
Caxias do Sul – -3.136
Canoas – -2.210
Gravataí – -1.515
Rio Grande – -1.018
Novo Hamburgo – -3.805
Pelotas – -2.127
Passo Fundo – -656

Na região
Candelária – -125
Sinimbu – -4
Encruzilhada do Sul – -59
Vera Cruz -273
Venâncio Aires – 3.549
Rio Pardo – 191
Vale do Sol – -2

O ranking no país
1) Venâncio Aires – 3.549
2) Paracatu (MG) – 2.861
3) Santa Cruz do Sul – 2.667
4) Pontal (MG) – 2.183
5) Chapecó (SC) – 1.554
6) Vista Alegre do Alto (SP) – 1.491
7) Rio Branco (AC) – 1.471
8) S.Rita do Passa Quatro (SP) – 1.434
9) Rio Verde (GO) – 1.380
10) Pitangueiras (SP) – 1.379

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