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CUIDADOS

Crianças com autismo: seletividade alimentar e seus impactos

Foto: Freepik.com

No dia 2 deste mês foi celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Instituída em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data é conhecida no Brasil como Dia Nacional de Conscientização sobre o Autismo. O objetivo é promover conhecimento sobre esse transtorno do neurodesenvolvimento que se manifesta de diferentes formas, podendo ser identificado desde os primeiros meses de vida. Resumidamente, trata-se de uma condição complexa que pode afetar a maneira como uma pessoa se comunica, interage e processa informações.

Vale dizer, no entanto, que existem tratamentos que podem ser introduzidos logo após o diagnóstico. Isso envolve uma equipe multidisciplinar, com médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, fisioterapeutas, nutricionistas e outros.

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Conforme observa a nutricionista materno-infantil Diene Schlickmann, de Santa Cruz do Sul, especialista em nutrição aplicada ao autismo, muitas crianças que sofrem com esse transtorno enfrentam desafios únicos relacionados à alimentação, incluindo seletividade e preferências restritivas. A seletividade significa a recusa persistente em consumir certos alimentos, geralmente com base em características sensoriais, como sabor, textura ou aparência.

E isso gera sintomas como desnutrição, inflamação, além de alergias, vícios e problemas sensoriais e motores. “É um comportamento comum, especialmente em crianças. Essa seletividade pode ser influenciada por uma combinação de fatores biológicos, psicológicos, socioculturais e ambientes. O que se sabe é que entre 67% e 89% das crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) sofrem com esse problema. Já entre as crianças típicas, a seletividade alimentar tem prevalência de 25%”, informa.

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A nutricionista observa que a alimentação é um processo altamente complexo, com estágios de desenvolvimento, e requer amadurecimento neurológico e aprendizado através da experimentação. “O ato de engolir, por exemplo, requer o trabalho em conjunto de 26 músculos e nervos cranianos. É o único que exige uma integração de todos os sete sentidos do corpo, coordenando-se entre si com harmonia.”

Ela também acrescenta que, por conta dessa complexidade, muitos pais chegam desmotivados e até desesperados no consultório pelo fato de já terem tentado de tudo (chantagem, barganha, tela para comer) para que a criança se alimente. “Mas é preciso entender que comer é a terceira prioridade do corpo: a respiração e o controle cerebral vêm primeiro. Portanto, comer é mais difícil do que andar ou falar”, enfatiza Diene.

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Pelo fato de a alimentação ser instintiva apenas nas primeiras semanas de vida, o hábito de comer se torna um ato aprendido através das interações sociais e sensoriais da criança. E aí entra o papel da terapia alimentar, de priorizar a nutrição adequada, a suplementação nutricional, o encadeamento de alimentos e o apoio da família.

Fique atento

  • Preferências restritivas – Crianças com autismo demonstram preferências por alimentos específicos, como alimentos crocantes, macios ou com texturas familiares.
  • Aversões alimentares – Muitas crianças com autismo também apresentam aversões a determinados alimentos, especialmente aqueles com texturas ou sabores diferentes do que estão acostumadas.
  • Ritualização alimentar – Algumas crianças com autismo desenvolvem rotinas e rituais rígidos em torno da alimentação, como a necessidade de comer os alimentos em uma ordem específica.
  • Resistência a novos alimentos – Introduzir novos alimentos pode ser um desafio, pois as crianças com autismo geralmente preferem a familiaridade e a previsibilidade.

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Como a nutrição influencia nas comorbidades associadas ao autismo?

Déficits nutricionais, inflamação crônica, seletividade alimentar severa, distúrbios gastrointestinais e desequilíbrios na microbiota intestinal são algumas das condições que muitas crianças com TEA enfrentam – e todas elas têm relação direta com a alimentação. Transtornos do sono, alterações de humor, ansiedade, constipação e diarreia, hiperatividade, dificuldades de concentração, atraso no crescimento e desenvolvimento e alterações imunológicas podem ser amenizados com uma intervenção nutricional adequada.

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Segundo Diene, quando a nutrição é planejada de forma individualizada, respeitando as preferências sensoriais, investigando carências nutricionais e promovendo a reeducação alimentar com acolhimento e estratégia, ela se torna instrumento terapêutico poderoso, melhorando comorbidades e comportamentos autísticos. “Não existe dieta para autista, mas a alimentação saudável é capaz de promover melhor qualidade de vida para a pessoa com autismo”, garante.

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