Após dois anos de crescimento, a criação de empresas em Santa Cruz do Sul desacelerou em 2022. Segundo dados da Junta Comercial, Industrial e Serviços do Rio Grande do Sul (JucisRS), 2.870 negócios foram iniciados no município entre janeiro e dezembro, um recuo de 5% em relação ao ano anterior. O movimento, porém, pode indicar uma estabilização da economia após o boom de microempresas gerado pela pandemia.
Em 2020, o aumento no número de empreendimentos constituídos em Santa Cruz foi de 5,5%. Já em 2021, chegou a 25%. O salto, porém, era explicado, em boa parte, pelo chamado empreendedorismo por necessidade – pessoas que perderam empregos tradicionais e constituíram ou formalizaram negócios de pequeno porte para sobreviver – e à “pejotização” – pessoas que se tornam microempreendedores individuais (MEIs) para atuar em empresas mediante contratos de prestação de serviço.
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Os dados mostram que, no ano passado, as MEIs ainda representaram 75% das empresas abertas no município, índice semelhante ao de 2021, e cerca de 70% são do setor de serviços. Além disso, o número de extinções de empresas também aumentou: foram 1.350 negócios encerrados, ante 1.168 em 2021. Ainda assim, tudo indica que a desaceleração é consequência da retomada plena das atividades econômicas após a fase mais aguda da crise da Covid-19.
A mesma tendência foi verificada em nível estadual. Segundo a presidente da Junta, Lauren de Vargas Momback, o aumento na criação de empresas limitadas e de indústrias no Estado sinaliza uma confiança maior na economia. Diferentemente das MEIs, as limitadas exigem um capital social e um local, entre outros. “Um MEI gera no máximo um emprego, enquanto uma indústria pode gerar milhares. Então esses números mostram que temos um mercado mais consolidado e atrativo”, observou.
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Lauren também destaca a criação de ferramentas que facilitam o empreendedorismo, como o Tudo Fácil Empresas, que permite a abertura de empresas individuais ou limitadas em até dez minutos e de forma gratuita. O serviço já existe em 21 municípios, incluindo Santa Cruz, e o objetivo é levar para todas as 497 localidades do Rio Grande do Sul nos próximos anos.
Ainda segundo Lauren, os números referentes a extinções precisam ser relativizados, pois há muitos casos em que a baixa na Junta se dá muito tempo após a empresa ser desativada. “Temos uma margem de empresas que foram fechadas há muito tempo, mas estão computadas como 2022”, observou.
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Integrante do Conselho Regional de Economia (Corecon-RS) e PhD em Economia pela Queen Mary University of London, Bruno Lanzer concorda com a avaliação de que os números da criação de empresas, apesar do recuo, indicam estabilização do mercado. Segundo ele, o movimento está aliado a outros indicadores positivos do ano passado, como a geração de postos de trabalho com carteira assinada, o recuo na taxa de desemprego e o crescimento do PIB. “Desde 2021, a economia vem melhorando. Houve recuperação em 2021 e em 2022 houve um crescimento de fato. Os números mostram que estamos acima do que estávamos antes da pandemia”, salientou.
Por outro lado, a tendência é de que as dificuldades sejam maiores em 2023. Isso deve se refletir também na abertura de novos negócios. Segundo Lanzer, a elevação da taxa básica de juros como estratégia para controlar a inflação vai levar a uma desaceleração cíclica. “A grande questão é por quanto tempo o Banco Central vai manter a taxa de juros nesse patamar ou se vai ter que elevar ainda mais. Isso vai depender do conjunto de políticas que o novo governo implementar”, observou.
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De acordo com o economista, a expectativa é de um crescimento do PIB de até 0,5%. Fatores externos, como a provável recessão nos Estados Unidos e na União Europeia, contrabalançada pela reabertura econômica da China, vão influenciar. “Certamente 2023 não vai ser tão positivo quanto 2022”, disse.
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