Índices de endividamento voltam as crescer no país diante do atual cenário de crise econômica. Quatro em cada dez brasileiros adultos (39,17%) estavam negativados em julho de 2022, o que equivale a 63,27 milhões de pessoas, segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SP-Brasil). Com crescimento de 8,7% desde julho de 2021, é o maior patamar dos últimos oito anos. A média das dívidas é de R$ 3.638,22.
A pandemia do coronavírus e a instabilidade política vivenciada nos últimos anos aumentaram o desemprego e a inflação, o que leva a população a lutar para conseguir fechar as contas no fim do mês. Mesmo com a volta de postos de trabalho, a situação não muda muito porque os salários de contratação, com exceção de alguns nichos profissionais, são menores.
Os consumidores, para honrar compromissos financeiros – pagamento de parcela da casa própria e carro, aluguel, água, energia elétrica, gás, IPTU – além de complementar o pagamento de itens e serviços prioritários que não puderam ser pagos com o orçamento mensal habitual – despesas com alimentação, saúde, transporte, educação -, apelam para linhas de crédito, como o cheque especial e o rotativo do cartão, mesmo com taxas de juros cada vez mais altas.
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Um dos itens que, a cada ano, tira mais dinheiro das pessoas, é o imposto de renda. Embora prometida nas campanhas eleitorais, a atualização da tabela utilizada para o cálculo do IRPF, desde 1996, vem sendo corrigida por índices inferiores à inflação, e, a partir de abril de 2015, está simplesmente congelada. De acordo com uma simulação do Sindifisco Nacional, entidade que representa os auditores fiscais da Receita Federal, uma pessoa que recebe R$ 5 mil, após deduções, paga atualmente R$ 505,64 de IR.
Se toda a defasagem da tabela estivesse corrigida, esse valor cairia para R$ 24,73. Em caso de atualização da tabela, apenas pessoas que ganham acima de R$ 4.670,23 pagariam IR na fonte. Isso significa que mais 12,75 milhões de brasileiros estariam isentos do pagamento do tributo e com mais dinheiro no bolso.
Segundo o levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC), dentre as várias categorias de dívidas, o cartão de crédito chegou a 82,65%, sendo o principal tipo de endividamento e, também, o maior número na média histórica. Depois, seguem as dívidas com carnês (18,1%), financiamento de carro (11,6%) e financiamento de casa (9,1%). Mesmo os empréstimos consignados, com juros menores, muitas vezes assumidos para compras não planejadas ou para sanar dívidas, acabam criando dificuldades, porque as parcelas são debitadas diretamente no pagamento da empresa ou na aposentadoria e pensão.
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Além de causas já existentes – inflação, juros altos, aumento do custo de vida, desemprego, salários menores, defasagem da tabela do IR -, o governo federal está estimulando os pobres a se endividar. A título de facilitar o acesso ao crédito em um país de endividados, 20 milhões de beneficiários do Auxílio Brasil poderão aderir ao crédito consignado.
Sem teto oficial de juros para essas operações, foram anunciadas taxas de 4,98% ao mês, equivalente a 85,99% ao ano. Se alguém levantar R$ 2.500 terá que pagar R$ 160 mensais e, depois de dois anos, terá pago por volta de R$ 4 mil do empréstimo inicial. Especialistas alertam que esse dinheiro deve ser usado para alguma necessidade urgente, mas não pra pagar contas do dia a dia.
O montante de dinheiro do pacote de bondades – aumento do Auxílio Brasil, Auxílio Gás dobrado, auxílio para caminhoneiros e taxistas – lançado pelo governo federal e aprovado pelo Congresso, deverá aumentar a previsão do crescimento do PIB em 2022, de 1% para 2% e, principalmente, melhorar os índices de popularidade do presidente Bolsonaro, o que parece ser o objetivo principal.
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O problema é que as consequências sempre vêm depois. A maioria dos economistas e bancos de investimentos esperam que 2023 será o ano da ressaca, com inflação e juros ainda altos. Isso vai exigir do brasileiro educação financeira, o que compreende saber fazer algumas contas, pesquisar preços, elaborar e acompanhar um orçamento, conhecer alguns produtos financeiros, e, principalmente mudar o comportamento financeiro.
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