Embora junho tenha sido o segundo mês consecutivo com mais demissões do que contratações, Santa Cruz fechou o primeiro semestre de 2022 com um saldo maior na geração de empregos com carteira assinada, na comparação com o ano passado. O desempenho foi puxado principalmente pela demanda por safreiros nas empresas de tabaco e pelo setor de serviços.
Segundo o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre janeiro e junho 5.919 postos de trabalho foram criados no município, resultado de 17.644 admissões e 11.725 desligamentos. No mesmo período de 2021, quando o País enfrentou uma segunda onda de restrições impostas em função do repique de casos graves e mortes por Covid-19, o saldo havia sido de 5.353 vagas.
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Somente no setor de tabaco, foram mais de 7,7 mil contratações, a maior parte para cargos como auxiliar de processamento de fumo, processador de fumo e operador de empilhadeira. Os números mensais, no entanto, indicam que o período de desligamentos dos temporários começou mais cedo do que em 2021. Além disso, um levantamento divulgado pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Alimentação (Stifa) na semana passada apontou uma redução de 8% nas admissões em relação ao último ano.
Ainda no setor industrial, segmentos como o de alimentos e borracha também registraram saldos positivos. No comércio, enquanto os estabelecimentos varejistas registraram mais demissões, os atacadistas (sobretudo distribuidoras de medicamentos e de material elétrico) abriram mais postos. O setor de construção também teve saldo positivo, mas puxado menos por demandas de edificação e mais por serviços especializados, como terraplanagem e instalações elétricas e hidráulicas.
O grande destaque foi o setor de serviços, com quase mil vagas criadas. Escolas de educação infantil e empresas de aluguel de veículos e vigilância privada estão entre os segmentos que mais empregaram no período. Outros, porém, como restaurantes e hotéis, também registraram mais contratações. “Esses setores, severamente impactados na pandemia, aos poucos foram retomando o ritmo anterior e contratando novamente”, observa o professor de Economia da Unisc Silvio Arend.
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Com o desempenho, Santa Cruz teve o segundo maior saldo entre os maiores PIBs do Estado, atrás apenas de Porto Alegre.
Recuperação é sinal de otimismo, mas salário baixa
Conforme o presidente da Associação Comercial e Industrial (ACI), César Cechinato, a retomada da empregabilidade no Brasil reflete uma melhora no otimismo em relação à economia. A taxa de desemprego, que atingiu 14,7% no primeiro semestre do ano passado, caiu para 9,8% em maio. “No início do ano, o mercado previa um PIB praticamente zero para 2022. Agora há uma projeção até surpreendente, próxima a 2%. Isso demonstra uma resiliência da economia brasileira e uma resposta aos dois anos de pandemia”, analisa. Cechinato observa que o processo inflacionário – o IPCA acumulou alta de 11,73% nos últimos 12 meses – também fez com que as empresas aumentassem o faturamento, gerando demanda por mão de obra.
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O economista Silvio Arend acrescenta que a retomada das atividades presenciais após a fase mais aguda da pandemia vem estimulando a atividade econômica. “Com isso, há uma recuperação das vendas, o que demanda mais empregados no comércio e serviços e, claro, na indústria para a produção”, analisa.
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Ele pondera, no entanto, que, embora haja uma recuperação do emprego, a ocupação informal vem batendo recorde e o salário médio de contratação é inferior ao de períodos anteriores à crise da Covid-19. “Se ainda somarmos o efeito da inflação, o rendimento real é bem menor”, conclui. Conforme o próprio Ministério do Trabalho e Previdência, o salário médio acumula queda de 5,6% até maio.
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Ainda de acordo com os especialistas, fatores como a eleição presidencial e o cenário internacional – que ainda é afetado pelo desarranjo logístico gerado pela pandemia e pela guerra da Ucrânia – devem ditar os rumos da empregabilidade no médio prazo. No caso de Santa Cruz, é preciso considerar o saldo negativo que tradicionalmente é registrado no segundo semestre, quando ocorrem os desligamentos no setor de tabaco.
Os números do Caged mostram ainda que a maioria das vagas criadas no município foi preenchida por mulheres, com 18 a 24 anos de idade e Ensino Fundamental incompleto.
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Veja as números
O primeiro semestre ano a ano
2022———- 5.919
2021———- 5.353
2020———- 2.621
Mês a mês
2021—— 2022
Janeiro —- 469—- 830
Fevereiro—- 1.709—- 2.354
Março—- 2.079—- 2.842
Abril—- 991—- 377
Maio—- 512 —- 140
Junho — 402 —- 344
O saldo por setor em 2022
Indústria—- 5.020
Serviços—- 964
Comércio—- 96
Construção—- 50
Agropecuária—- -211
Os maiores PIBs do Estado
Porto Alegre—- 9.909
Santa Cruz do Sul—- 5.919
Caxias do Sul—- 5.192
Novo Hamburgo—- 2.891
Passo Fundo—- 2.428
Canoas—- 2.141
Pelotas—- 1.163
Gravataí—- 1.098
São Leopoldo—- 195
Rio Grande—- -27
Na região
Santa Cruz do Sul—- 5.919
Venâncio Aires—- 3.306
Vera Cruz—- 975
Candelária—- 457
Encruzilhada do Sul—- 117
Sinimbu—- 35
Rio Pardo—- -28
Vale do Sol—- -7
O perfil
Gênero
Homens—- 2.572
Mulheres—- 3.347
Grau de instrução
Analfabeto—- 46
Fundamental incompleto—- 2.006
Fundamental completo—- 933
Médio incompleto—- 845
Médio completo—- 1.587
Superior incompleto—- 205
Superior completo—- 297
Faixa etária
Até 17 anos—- 353
18 a 24 anos—- 1.471
25 a 29 anos—- 611
30 a 39 anos—- 1.077
40 a 49 anos—- 1.180
50 a 64 anos—- 1.192
65 anos ou mais—- 35
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