O 27º Fórum Regional de Saúde Mental, realizado nessa terça-feira, 15, em Vale do Sol, teve palestras, oficinas e integração entre profissionais, líderes e usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) dos municípios integrantes da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (13ª CRS). O evento trouxe informações quanto às demandas nessa área.
Não somente em razão das enchentes, mas também nos casos leves, ambulatoriais, os profissionais que atuam nos municípios percebem um aumento nos atendimentos de saúde mental. Em Santa Cruz do Sul, segundo a coordenadora da área, Taís Giordani Pereira, além dos Caps, equipes trabalham junto à atenção básica para evitar o encaminhamento para a atenção especializada. “Essas equipes estão atuando desde junho nos territórios atingidos, que no nosso caso são o Rio Pardinho e a Várzea”, observou.
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Taís lembrou que esses mesmos profissionais trabalharam no amparo às famílias desalojadas e recebidas no Parque da Oktoberfest. “Eles atuaram junto com o ambulatório para atender as pessoas na hora, tudo isso também para prevenir episódios mais graves ou que pudessem ser agravados.” Ela salientou ainda o aumento, nos últimos anos, dos casos considerados leves, como crises de ansiedade. “Cresceu também o número de atendimentos feitos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na área da saúde mental.”
A assistente social Ana Cláudia Teixeira revelou um cenário semelhante em Venâncio Aires. “Sabemos que as enchentes afetaram a saúde mental da população em vários locais. E no nosso município não foi diferente.” A perda dos pertences, de animais de estimação ou mesmo da casa inteira, segundo ela, provocou depressão, crises de ansiedade e síndrome do pânico em muitas pessoas que acabam procurando atendimento via SUS. “Os cidadãos procuram os Caps para tratar isso e nós estamos fazendo das tripas coração para atender à demanda crescente.”
Em Candelária, a coordenadora do Caps, Cristiane Pradella, fez o mesmo relato. O interior do município teve várias localidades devastadas pelas enchentes, e é nessas populações que se percebe o incremento na procura por atendimento. Equipes volantes foram criadas para fazer visitas domiciliares a essas pessoas, e há ainda atendimentos virtuais em parceria com uma universidade do Rio de Janeiro.
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Com quase 20 anos de experiência, Cristiane relatou que a demanda é progressiva. “O nosso Caps é único – atinge infância, juventude, álcool e drogas, além de todos os outros transtornos. Então a nossa demanda é sempre muito alta.”
Coforme a responsável pela 13ª CRS, Mariluci Reis, o fórum já é realizado há 27 anos e é o evento mais esperado pelos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) na área da saúde mental. “É por isso que lota. Tivemos mais de 800 pessoas inscritas e a cada ano fica maior.” Para ela, é gratificante ver a alegria que as pessoas demonstram por poder participar. “Agrega todos, é um dia festivo, e evitamos fazer grandes discursos. Tentamos acolher todos eles e saímos daqui realizados por poder proporcionar isso.”
Ao comentar a demanda, Mariluci garantiu que a rede de atendimento é robusta, composta por diversos Caps nos municípios e um regional. Além disso, o governo do Estado destinou mais recursos para atender à grande demanda resultante das enchentes que atingiram o Vale do Rio Pardo neste ano. “Muitas pessoas ficaram chocadas com aquilo que viram e passaram, e estão precisando de ajuda neste momento.” Lembrou ainda da existência de leitos específicos para internações em vários hospitais da região.
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Aos 55 anos, a aposentada Sílvia Lilian Ferroni, de Santa Cruz do Sul, foi usuária do Caps por um período e, com o auxílio dos profissionais, conseguiu alcançar a cura. Agora, já há mais de dez anos sem usar medicações, ela participa de eventos com o objetivo de mostrar aos demais pacientes que o sucesso é alcançável.
Para chegar lá, contudo, é preciso muita força de vontade. “Agora eu venho em fóruns e palestras para mostrar aos demais que é possível chegar lá, existe uma luz no fim do túnel.” Ela ressaltou a necessidade de valorizar os Caps, instituições que oferecem acompanhamento completo e gratuito. Ainda assim, sem o querer individual, o avanço é limitado. “A responsabilidade do tratamento, quando a pessoa não está em uma crise, é dela. Não é dos profissionais e nem do Caps, que auxiliam muito, mas não vão até as casas e famílias.”
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Destacou ainda a importância de ter a presença de usuários tratados e curados em eventos como esse. “É fundamental que eles vejam o exemplo, e é por isso que eu venho sempre!”
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O evento dessa terça foi realizado no pavilhão da Igreja Evangélica do Centro de Vale do Sol e contou com palestras, oficinas e integração. Também houve venda de artesanatos e alimentos e um grande baile durante a tarde.
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