Depois de optar pela continuidade da greve – que já dura quase um mês –, o Cpers/Sindicato está entrando com uma ação cautelar no Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir o direito constitucional dos grevistas de realizar a paralisação. A iniciativa foi tomada após o Palácio Piratini emitir nota oficial na qual informava a decisão de cortar o ponto dos professores que continuarem engajados na mobilização, por se tratar de “interesse público” a retomada das aulas.
A greve vai continuar porque segundo a diretora do 18º Núcleo do Cpers, Cira Kaufmann, a dinâmica de pagamento adotada pelo governador José Ivo Sartori (PMDB) tem como objetivo dividir a categoria e enfraquecer o movimento. Nessa sexta-feira, o governo do Estado pagou em dia os servidores com salário líquido de até R$ 1,75 mil, o que representa 47% dos professores. “Mais da metade da categoria não recebeu absolutamente nada”, enfatizou. Os demais servidores serão pagos de maneira gradual, à medida que entrarem recursos nos cofres estaduais.
A previsão do próximo pagamento é dia 11. “O pessoal já está endividado por conta dos 21 parcelamentos consecutivos, aí agora vai ficar com o salário atrasado por dez dias. É claro que gera revolta”, disse. Durante a sexta-feira, pelo menos 8 mil professores participaram de assembleia estadual e manifestações no Centro de Porto Alegre.
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De acordo com Cira, esta greve se consolida como uma das maiores dos últimos anos, tanto em adesão quanto em duração. Conforme levantamento do 18º Núcleo, 70% dos professores do Vale do Rio Pardo estão paralisados. “Há escolas que não tinham tradição de fazer greve e fecharam. Temos fôlego para manter e ampliar”, comentou.
A motivação principal da mobilização é o atraso no pagamento dos salários, parcelados há 22 meses, e a falta de garantia de quitação integral das remunerações no futuro. Assim, a greve vai se manter por tempo indeterminado e o Cpers já pensa na possibilidade de não encerrar este ano letivo. “No momento em que estamos ainda é possível recuperar o ano letivo em sábados e feriados, sem afetar as férias. Mas se essa greve ainda se estender, o ano letivo de 2017 pode estar comprometido.”
Próximos passos
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Novas manifestações vão ser organizadas a partir desta segunda-feira. Está prevista para as 9 horas, na sede do 18º Núcleo, uma reunião com o comando de greve, para avaliação e planejamento. As visitas às escolas da região devem se manter. Além disso, será estudada uma maneira de estabelecer diálogo com a comunidade, para que haja compreensão da situação vivida pela educação pública. “Vamos conversar com as pessoas, para esclarecer a comunidade sobre as mentiras contadas pelo Sartori”, disse a diretora do 18º Núcleo do Cpers/Sindicato, Cira Kaufmann.
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