Cozinha comunitária do Bom Jesus passa a atender moradores do Mãe de Deus

A cozinha comunitária do Bairro Bom Jesus ampliou o número de refeições servidas de segunda a sexta-feira. Agora, além dos 150 almoços oferecidos aos moradores do bairro, outros cem são transportados em caixas térmicas até o loteamento Mãe de Deus para atender a população em situação de vulnerabilidade social transferida para aquela região. O projeto funciona por meio de uma parceria entre o Centro Social Gideões e a Prefeitura de Santa Cruz do Sul.

Segundo o coordenador da cozinha, Cristiano Silva, os trabalhos começam por volta das 7 horas, quando quatro cozinheiras dão início ao preparo dos alimentos. Por volta das 10h30 tudo já está pronto e uma porção é destinada ao bufê, para atender as cerca de 150 pessoas que almoçam no local. Outra parte é separada e embalada nas caixas térmicas. O transporte até o Mãe de Deus é feito por servidores da Prefeitura, e a distribuição das refeições começa às 11 horas.

O cardápio é elaborado por uma equipe de nutricionistas da Secretaria Municipal de Habitação, Desenvolvimento Social e Esporte e muda a cada dia. Nessa segunda-feira, 9, as opções eram arroz, feijão, mandioca cozida, carne moída e saladas de pepino e repolho. Para a sobremesa, goiabas. O controle das quantidades é feito pelo Centro de Referência em Assistência Social (Cras) Integrar, de acordo com o número de pessoas inscritas. Semanalmente, elas devem informar quantas refeições são necessárias para a família naquele período e, no ato da retirada, assinam uma lista de presença. O controle é rigoroso para evitar ao máximo o desperdício.

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Quatro cozinheiras trabalham no preparo de 250 refeições de segunda a sexta-feira: o cardápio é elaborado por nutricionistas | Foto: Alencar da Rosa

De acordo com o gerente-executivo do Gideões, pastor Neemias da Silva Júnior, são cerca de 550 refeições diárias, incluindo as cozinhas dos bairros Faxinal Menino Deus e Santa Vitória. “É um número bem significativo e atende essas famílias vulneráveis que são encaminhadas pelo Cras.” Ele salienta que o atendimento não fica restrito somente à alimentação: há uma série de outros acompanhamentos realizados pelas equipes do Cras nos âmbitos social, educacional e profissional. “Sabemos, porém, que o impacto imediato é a falta de alimentos. Se não dermos conta disso, não conseguimos contemplar as outras necessidades”, completa.

Outro ponto destacado pelo pastor diz respeito à origem dos alimentos, que são fornecidos pela Prefeitura. Parte dos ingredientes utilizados, sobretudo verduras, legumes e hortaliças, vem da agricultura familiar de Santa Cruz e região. “Além das refeições, contribuímos também para o fortalecimento dos produtores locais e a movimentação da economia”, afirma. Ao longo de um ano, a expectativa é de que sejam servidos cerca de 220 mil almoços nas três cozinhas comunitárias e outros 30 mil no posto avançado do loteamento Mãe de Deus.

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Moradores precisam atualizar dados cadastrais

A ideia de ampliar a produção na cozinha do Bom Jesus surgiu após a Secretaria Municipal de Habitação, Desenvolvimento Social e Esporte verificar que muitos antigos moradores do bairro haviam sido transferidos ao novo loteamento e não conseguiam se deslocar para retirar as refeições. Muitos deles, contudo, ainda não compareceram ao Cras para atualizar o endereço e os demais dados. Conforme o titular da pasta, Everson Bello, esse processo é fundamental para que o Município possa identificar as dificuldades e atender às necessidades de forma precisa.

Para facilitar o acesso dos moradores, a secretaria instalou um posto avançado no Mãe de Deus. O lugar serve de base para a distribuição dos almoços e também vai receber os profissionais do Cras Integrar uma vez por semana, para atender a população. Além da atualização cadastral, todos os serviços oferecidos pelo Município poderão ser requeridos, bem como os programas sociais do governo federal. “Com isso, esperamos estar cada vez mais perto de vocês para escutar as demandas e atendê-las”, disse Bello durante a distribuição dos almoços, ontem. “Queremos ainda corrigir eventuais ações que podem não estar sendo feitas da maneira mais eficaz possível”, completou.

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A prefeita Helena Hermany também esteve presente e ressaltou a importância do novo espaço e também da parceria com o Centro Social Gideões. “Estar próximo da comunidade sempre foi o nosso lema, e estando mais perto, podemos fazer cada vez mais”, disse. “Nada deixa um prefeito mais contente do que ver a população feliz e saber que o nosso esforço está valendo a pena.” Ela ressaltou ainda que, além da habitação e alimentação, a Prefeitura vai oferecer capacitação profissional para que as pessoas em situação de vulnerabilidade social possam ingressar no mercado de trabalho.

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Prefeita Helena esteve no Loteamento Mãe de Deus ontem para conferir a distribuição: comida chega ao local em caixas térmicas | Foto: Alencar da Rosa

Projeto tem mais de 30 anos

Conforme o pastor Neemias da Silva Júnior, a história das cozinhas comunitárias remonta ao início dos anos 1990, quando seu pai, o pastor Neemias da Silva, foi transferido para Santa Cruz e verificou as condições de vida precárias enfrentadas pelos moradores da chamada Vila do Lixo, formada no entorno do antigo depósito de lixo que existia onde hoje é o Bairro Santa Vitória. Um morador então cedeu o pátio da residência. Sob uma lona, começou a funcionar a primeira cozinha, que servia inicialmente sopa preparada por um grupo de voluntários com ingredientes arrecadados por meio de doações.

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Ao longo do tempo a entidade se organizou, buscou parceria com empresas e com o poder público para ampliar a capacidade e a quantidade dos serviços prestados. Hoje as cozinhas são estruturadas, contam com todos os equipamentos necessários para o preparo das refeições e os funcionários são todos contratados para as funções específicas que exercem.

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