Um levantamento exclusivo feito pela Gazeta do Sul mostra que o volume de pessoas que perderam a vida para a Covid-19 com menos de 60 anos em Santa Cruz do Sul disparou ao longo das últimas semanas. Enquanto em 2020 as vítimas com menos idade representavam apenas 13,5% do total de óbitos, do início deste ano para cá esse percentual saltou para 28,5%.
O levantamento foi feito com base em dados obtidos junto à Vigilância Epidemiológica e considera o período entre 6 de maio, quando foi registrada a primeira morte no município, e a última sexta-feira, quando o número de vítimas chegou a 156. Desse contingente, um quarto (39) corresponde a pessoas fora do grupo de risco por faixa etária.
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A análise dos dados mês a mês, porém, deixa claro o avanço da doença sobre pessoas mais jovens nesta segunda onda da Covid-19. Das 37 mortes ocorridas durante o ano passado, somente cinco foram de pessoas com menos de 60 anos. Já neste ano foram 34, em um universo de 119 vítimas desde o dia 1º de janeiro.
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Essa tendência se acentuou em março, de longe o mês mais mortal desde o início da pandemia, o que coincide com o agravamento da crise hospitalar no Brasil. Foram 89 vítimas entre os dias 1º e 26, das quais 28 não estavam no grupo de risco por idade. A primeira morte de uma pessoa com menos de 60 anos no município, no entanto, ocorreu no dia 27 de agosto.
Ainda de acordo com os números da Vigilância, das 156 vítimas, 17 (10,8%) tinham menos de 50 anos e 5 (3,2%) tinham menos de 40 anos. As vítimas mais jovens tinham 37 (no dia 18 de março) e 36 anos (em 11 de março), ambas mulheres. Já a pessoa com mais idade que faleceu no município foi um homem de 105 anos, no dia 20 de setembro. Esses dados, porém, não consideram as mortes ocorridas desde o último fim de semana.
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No que toca ao perfil das vítimas por gênero, os percentuais coincidem com a proporção populacional: foram 82 mortes de mulheres (52%) e 74 óbitos de homens (48%).
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Especialista aponta variante e relaxamento como causas
O aumento da incidência de Covid-19 em pessoas fora do grupo de risco por faixa etária é um fenômeno verificado em todo o Brasil e, inclusive, em outros lugares do mundo. Conforme o doutor em Epidemiologia pela Ufrgs, Paulo Petry, até o momento esse avanço repercute principalmente sobre o volume de casos confirmados e de internações e menos no número de mortes. “Os idosos ainda são o grupo que mais morre”, ponderou. Ainda assim, Petry considera “alarmante” o avanço da doença sobre a população mais jovem.
Para o especialista, o fenômeno está associado a dois fatores. Um deles é o relaxamento do distanciamento físico no início do ano, que foi maior entre os jovens. “Houve uma tendência de normalização da vida cotidiana, especialmente entre os jovens, o que fez com que o vírus circulasse bastante nessa faixa etária.”
A situação também pode ser reflexo da circulação da variante P1, conhecida como cepa de Manaus. Segundo Petry, estudos indicam que a carga viral dessa variante pode ser até dez vezes maior, o que explicaria a disparada na infecção de jovens.
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O especialista observa ainda que esse avanço gera “complicações bastante sérias”. “O fato de termos pessoas mais jovens internadas está implicando em um aumento no tempo de permanência nas UTIs, o que colabora com esse colapso no sistema de saúde, porque não há rotatividade e as pessoas não têm alta.”
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AS MORTES POR COVID EM SANTA CRUZ
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Confira o número de óbitos registrados no município desde o início da pandemia. O primeiro foi no dia 6 de maio do ano passado.
Vítimas mês a mês
2020
Maio 4
Junho 3
Julho 4
Agosto 6
Setembro 4
Outubro 0
Novembro 7
Dezembro 9
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2021
Janeiro 12
Fevereiro 18
Março* 89
Vítimas mês a mês – menos de 60 anos
2020
Maio 0
Junho 0
Julho 0
Agosto 1
Setembro 1
Outubro 0
Novembro 2
Dezembro 1
2021
Janeiro 3
Fevereiro 3
Março* 28
Fonte: Vigilância Epidemiológica
* Estão contabilizados apenas os óbitos registrados no município até a última sexta-feira, dia 26.
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