A Corte Europeia de Direitos Humanos decidiu hoje (30), por 13 votos a quatro, que não cabe processar nenhum policial, individualmente, envolvidos no caso do brasileiro Jean Charles de Menezes, morto há pouco menos de 11 anos por agentes à paisana da Scotland Yard, em um trem do metrô de Londres.
Segundo a Corte, não houve violação do Artigo 2º da Convenção Europeia de Direitos Humanos, como questionou a família do brasileiro. O artigo determina investigações apropriadas de mortes ocorridas nos 28 países que compõem a União Europeia, o que, de acordo com a Corte, ocorreu nesse caso, por meio do inquérito público movido em 2008.
Confira a íntegra do julgamento, em inglês
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Histórico
Na manhã do dia 22 de julho de 2005, o jovem eletricista brasileiro, de 27 anos, foi confundido com um terrorista árabe, suspeito de uma tentativa de atentado no metrô e baleado pelas costas com oito tiros, sete deles na cabeça e um no ombro.
A morte de Jean Charles, dentro de um vagão, levou 30 horas para ser oficialmente comunicada pela divisão de inteligência da polícia londrina. Segundo a família, Jean Charles era estudioso e trabalhador. De família simples, o jovem era natural da zona rural de Gonzaga, cidade de menos de cinco mil habitantes no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.
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Na época do crime, Londres estava em estado de alerta. Há duas semanas, mais de 50 pessoas tinham sido mortas e mais de 700 feridas em atentados a bomba no metrô da cidade. E, na véspera da operação em que o brasileiro foi executado, outra tentativa de atentado tinha ocorrido no sistema de transportes da capital inglesa.
Em 2005, a família foi indenizada pela Scotland Yard com 100 mil libras esterlinas, o equivalente a cerca de R$ 300 mil em valores da época.
Já em 2009, o Ministério Público da Grã-Bretanha decidiu que nenhum agente da polícia seria acusado, considerando não haver provas suficientes de que qualquer crime tenha sido cometido pelos agentes individualmente. Alguns parentes recorreram contra a decisão, apelando à Corte Europeia de Direitos Humanos que proferiu sua decisão hoje, confirmando o entendimento do Ministério Público inglês.
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A morte trágica do brasileiro gerou filme, livro e um memorial espontâneo criado por dois artistas locais que está instalado no local do crime.