A redução do nível do Rio Pardinho, impedindo a transposição da água na barragem da área de captação da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) – noticiada pela Gazeta do Sul da última segunda-feira –, fez com que a única fonte de água dos santa-cruzenses passasse a ser o Lago Dourado. O reservatório, de acordo com o superintendente regional da estatal, José Epstein, em entrevista a Ronaldo Falkenback na Rádio Gazeta FM 107,9, está com 86,7% de sua capacidade, percentual que não representa preocupação para o abastecimento.
Segundo o gestor, o município conta com três fontes, que são os poços artesianos, em regiões como Linha Santa Cruz e reforços na cidade; o Lago Dourado e o Rio Pardinho. Com a redução do nível do rio, as águas não transpõem a barragem e acabam não correndo, inviabilizando a captação. No caso dos poços, afirma, o nível dinâmico tem diminuído, representando dificuldades, o que motiva a injeção de água da cidade para dar suporte. “Ontem (segunda-feira), o nível do lago estava em 86,7%, o que é confortável. Mas a gente fica em alerta para a situação”, destaca.
Epstein reforça que a situação de abastecimento está tranquila, sem rompimentos de grande porte que poderiam resultar em perdas maiores. Além disso, está sendo feita a redução da pressão à noite para diminuir o consumo e a necessidade de captação. Campanhas para utilização consciente, orientando sobre a irrigação de pátios e água em piscinas, devem ser intensificadas.
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Apesar de ser, atualmente, fonte direta, o Rio Pardinho continua lançando água no lago, mesmo que em menor quantidade. “Estamos com cenário parecido com 2020, mas um pouco melhor. Naquele período fomos até maio, quando retornaram as chuvas, sem nenhum tipo de restrição de abastecimento”, aponta. Epstein acrescenta que foram feitos investimentos que devem dilatar ainda mais esse prazo.
Em relação à eventual necessidade de racionamento, o superintendente destaca que é uma ação extrema. “Fica dentro do plano de contingência, mas é a última instância que adotamos”, frisa. Justifica que a topografia santa-cruzense não é favorável para o abastecimento. Assim, fazer rodízio demandaria que regiões mais altas, como Linha João Alves, ficassem até dois dias sem água. “Então, isso não está no radar da companhia. Podemos investir em carro-pipa, porque é um custo menor do que eventual rodízio”, reforça.
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A Corsan encaminhou, há cerca de 30 dias, solicitação à Fepam para a instalação de barragem provisória no rio em Venâncio Aires, como foi feito nos últimos dois anos. Com isso, deve elevar o nível com a reservação feita a partir da montagem da estrutura. Existe, adianta Epstein, a intenção de implantar uma fixa, porém deve ficar pronta somente em 2024. “Temos preocupação, porque há muito uso para agricultura. Então há monitoramento, em parceria com a Prefeitura, e orientação para que seja feito uso racional”, diz.
A perfuração de poços artesianos não é descartada, mas ele alerta que a característica é de que a água tenha alto teor de flúor, não sendo indicada para o consumo. Outra solução cogitada, mas que demanda grande investimento e, atualmente, não é viável, é a captação a partir do Rio Taquari. Seriam necessários, no entanto, cerca de 30 quilômetros de adutora. “Você não consegue fazer uma obra dessas e passar para a fatura do cliente, que é a forma de pagamento”, explica.
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A alternativa mais viável é a ampliação da barragem. Existem ações, em conjunto com o poder público local, para a preservação da nascente e ampliação da disponibilidade hídrica do Arroio Castelhano. A iniciativa é pioneira e representa expectativa de contribuição em médio e longo prazo.
Em Rio Pardo, que capta no Rio Jacuí, a concorrência é com a geração de energia e a utilização da irrigação nas lavouras. “Em Cachoeira do Sul e Rio Pardo, fizemos instalação de bombas submersíveis de pré-recalque para a captação, porque a estrutura instalada não estava conseguindo o necessário”, conta. Dessa forma, consegue abastecer sem maiores dificuldades estruturais, apesar de ter custo operacional mais elevado.
Um alteamento do nível do Rio Pardo, em cerca de um metro, foi a ação adotada pela companhia para garantir a contenção e captação para Candelária. Seria, conta Epstein, uma medida por precaução para evitar problemas com a estiagem em janeiro e fevereiro.
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Em Encruzilhada do Sul, a estiagem tem afetado a barragem que abastece a cidade. Por isso, nos últimos anos, a Corsan faz a transposição de água de dois açudes, o que tem garantido o abastecimento da cidade. No entanto, nesse contexto crítico, ressalta a equipe da estatal, é vital a cooperação de toda a população, praticando o uso responsável da água. Algumas dicas para evitar desperdícios são não lavar o carro nem a calçada; não tomar banhos demorados e não deixar a torneira aberta se não estiver usando. De forma geral, é preciso não desperdiçar água, usando somente o necessário.
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