No dia 28 de abril de 2020, o município de Tunas seria despertado por uma verdade inconveniente: o coronavírus havia chegado à comunidade com uma vítima fatal. Com pouco mais de 4,5 mil habitantes, o município é o primeiro – e até o momento, o único – a registrar casos de Covid-19 na região Centro-Serra.
Quando a pandemia já havia se estabelecido no Brasil, de forma mais contundente em março, a doença e o isolamento social nunca chegaram a assustar a comunidade. Muitos diziam que o vírus jamais chegaria à pequena Tunas. Mas o destino não quis que esse feliz pensamento permanecesse por muito tempo. Suspeitas apontam que a visita de um neto, residente na região de Passo Fundo, para a avó e os familiares, no final de abril, acabaria por trazer uma das situações mais atípicas já vividas pelos moradores desde a fundação do município.
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A partir do fatídico dia 28, a rotina em Tunas mudaria, e muito. A primeira vítima fatal, uma simpática senhora chamada Amélia Vieira da Costa, de 86 anos, que já apresentava outros problemas de saúde – embora estivesse aparentemente bem – não resistiu ao inimigo invisível. Houve uma enorme tristeza entre os familiares, que nem puderam se despedir normalmente da matriarca, devido às restrições aos atos fúnebres.
Como se não bastasse, nos dias seguintes ao enterro, a filha e o genro, que viviam com a idosa, tiveram sintomas e recebem a informação de que também estavam contaminados. Assim, todos os demais parentes que mantiveram contato com a família foram colocados em isolamento domiciliar, alguns manifestando sintomas leves do vírus, mas também com o lado emocional muito abalado.
Dezenas de tunenses já viviam em isolamento domiciliar quando a segunda vítima fatal, um vizinho de Amélia, começou a apresentar os sintomas da doença. Seu Adão Santana, prestes a completar 90 anos, não resistiu aos efeitos do coronavírus. O sepultamento, realizado com a presença de pouquíssimos familiares, conforme as regras, levou um dos filhos a manifestar sua tristeza em um vídeo publicado em sua rede social. A publicação foi compartilhada por toda a região Centro-Serra.
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Para aumentar ainda mais a tensão no município, após o enterro da segunda vítima, a filha e o genro de Adão também começam a manifestar os sintomas, ocasionando mais dois casos positivos em Tunas. Ambos necessitaram de internação, na ala especial para vítimas da Covid-19, no hospital da cidade de Espumoso. Dona Cleci, ao sair do hospital, chorando, mas recuperada, foi recebida com fortes salvas de palmas.
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Discriminação
No início de maio circularam na imprensa e em redes sociais manifestações e notas de repúdio contra manifestações preconceituosas para com o povo tunense, devido aos casos positivos ocorridos no município. Diversos moradores relataram que não eram atendidos em estabelecimentos comerciais e alguns sequer foram até o município de Sobradinho para receber o Auxílio Emergencial.
Fechamento do comércio e isolamento
Um dos momentos mais difíceis para a economia e para o povo tunense, gerando comentários positivos e negativos, foi o decreto que determinou o fechamento do comércio e de prestadores de serviços não essenciais. Durante os dias 18 a 22 de maio, Tunas mais parecia uma cidade desabitada. Medo e incertezas pairavam no ar, o que levou as pessoas a ficarem em casa e seguirem as orientações de segurança, deixando de efetuar visitas e aderindo ao hábito de usar máscara e álcool gel, entre outras formas de prevenção.
Futuro
Atualmente, conforme boletim contingencial da Secretaria Municipal da Saúde de Tunas, os casos confirmados já passam de 11; há dezenas de pessoas em isolamento social, alguns casos monitorados, dois casos descartados, cinco casos recuperados e dois óbitos. O povo de Tunas, que jamais esquecerá os dias tristes vivenciados, ainda está incerto quanto ao futuro da pandemia e de como serão moldados os novos capítulos dessa história.
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*Colaborou João Riél Manuel Nunes Vieira de Oliveira Brito
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