Não bastassem os estragos provocados pela estiagem, os feirantes de Santa Cruz do Sul agora enfrentam a iminência da diminuição nas vendas por causa do surto de coronavírus que assola o país. A situação já é sentida na Feira Rural do Centro pelo vendedor de hortaliças Fábio Schuck. “O movimento diminuiu nos últimos dias. Esperamos seguir vendendo nossos produtos, mesmo diante desse problema”, disse ele.
Outra peculiaridade que vem ocorrendo nas feiras é observada pelo vendedor de pães e cucas Renato Niedesberg. “Já notei que as pessoas vêm separadas. Se tem uma aqui na banca, a outra espera e se aproxima depois.”
LEIA TAMBÉM: Higiene exige consumo racional da água na região
Publicidade
A situação é monitorada pela Associação Santa-cruzense de Feirantes (Assafe). “Esse surto de coronavírus é uma preocupação nossa. Estamos passando por uma seca terrível e o produto já está defasado em razão da falta de chuva. Se o consumidor não sair para comprar, será um agravante para nós”, afirmou o secretário da Assafe, Danilo Hentschke.
Segundo ele, em razão da situação envolvendo o coronavírus, foram feitas algumas recomendações aos agricultores. “Os produtos vêm higienizados da propriedade e reforçamos para que os feirantes realizem periodicamente uma limpeza, tanto dos itens à venda como das mãos”, comentou.
LEIA TAMBÉM
Coronavírus: acompanhe as últimas notícias sobre a Covid-19
Tire suas dúvidas sobre o coronavírus e saiba como se prevenir
Confira alterações nos serviços em Santa Cruz do Sul
Publicidade
Outra recomendação é evitar o contato muito próximo com os consumidores. De acordo com Danilo, todas as medidas vêm sendo tomadas a partir de decisões do grupo de feirantes, dado que ainda não foram divulgadas oficialmente orientações voltadas à categoria.
Embora os comunicados divulgados até agora pela Prefeitura restrinjam a maioria das atividades, a fim de evitar aglomerações, Danilo Henschke acredita que não haverá fechamento das feiras rurais.
“Essa situação é muito recente, não sabemos como vai se comportar. Levamos uma pequena vantagem pelo fato de as feiras serem locais mais abertos e arejados. De qualquer forma, ainda não recebemos nenhuma orientação da Prefeitura nesse sentido”, disse.
Publicidade
LEIA TAMBÉM: Região deve ter apenas dois dias de chuva até o fim do mês; veja previsão
PRECAUÇÕES
Janaína Gonçalves dos Santos chegou cedo na quarta-feira, 18, à Feira Rural do Centro, com o objetivo de estocar alimentos. “Dessa forma, evito ter que vir mais vezes e estar em contato com mais pessoas”, disse ela, que é sócia-proprietária de um escritório de advocacia.
Publicidade
A empresa seguirá as atividades em expediente interno. “Preciso estar no ambiente do trabalho para conseguir produzir bem. Mesmo assim, trabalharemos de portas fechadas para diminuir o contato com mais pessoas”, afirmou a advogada, após comprar ovos em uma das bancas da Feira Rural.
Dentre as medidas que adota após sair à rua está a higienização das mãos. “Mesmo que aqui eu manuseie os produtos, assim que chego no escritório já passo o álcool em gel”, ressaltou.
LEIA MAIS: Vale do Rio Pardo tem 48 casos suspeitos de coronavírus
Publicidade
Proprietário de um restaurante no Centro de Santa Cruz, Gilmar Mayer foi à feira comprar os produtos para incluir no cardápio do estabelecimento. Ele já sente, no restaurante, os reflexos do coronavírus.
“Nosso movimento diminuiu pela metade. Ainda assim, promovi algumas ações preventivas, como colocar pratos e talheres dentro de embalagens para serem pegos pelas pessoas e deixar frascos de álcool em gel próximo das mesas”, disse ele, que compra o suficiente para alguns dias.
“Não adianta estocar, porque estraga. Tem que vir de novo.” Como apanha produtos manuseados por diversas pessoas na feira, Mayer se previne tão logo deixa o ambiente. “Eu entro no carro e já passo o álcool em gel nas mãos.”