Em meio ao aumento da inflação de alimentos, que começa a se estender por outros setores, o Banco Central (BC) aumentou os juros básicos da economia pela primeira vez em quase seis anos. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic de 2% para 2,75% ao ano. A decisão surpreendeu os analistas financeiros, que esperavam uma alta para 2,5%.
Com a decisão dessa quarta-feira, 17, a Selic subiu pela primeira vez desde julho de 2015, quando tinha sido elevada de 13,75% para 14,25% ao ano. A taxa permaneceu nesse nível até outubro de 2016, quanto o Copom voltou a reduzir os juros básicos até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018.
Em julho de 2019, a Selic voltou a ser reduzida até alcançar 2% ao ano em agosto de 2020, influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia de Covid-19. Esse foi o menor nível da série histórica iniciada em 1986.
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A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em fevereiro, o indicador fechou em 5,2% no acumulado de 12 meses, pressionado pelo dólar e pela alta nos preços de alimentos e de combustíveis. O valor está próximo do teto da meta de inflação.
Para 2021, o Conselho Monetário Nacional (CMN) havia fixado meta de inflação de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 5,25% neste ano, nem ficar abaixo de 2,25%.
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No Relatório de Inflação divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária estimava que, em 2021, o IPCA fecharia o ano em 3,4% no cenário-base. Esse quadro considera uma eventual elevação da inflação no primeiro semestre, seguida de queda no segundo.
A projeção não está mais em linha com as previsões do mercado. De acordo com o boletim Focus, a inflação oficial deverá fechar este ano em 4,6%. No fim de março, o Banco Central vai atualizar a projeção oficial no próximo relatório.
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A elevação da taxa Selic ajuda a controlar a inflação. Isso porque juros maiores encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais altas dificultam a recuperação da economia. No último Relatório de Inflação, o Banco Central projetava crescimento de 3,8% em 2021.
Já o mercado projeta crescimento menor. A última edição do boletim Focus prevê contração de 3,23% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
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