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Contrabando: A logística que desafia o Estado

Quinta-feira, 9 de julho de 2015. Antes das 8 horas da manhã, 14 agentes da Receita Federal de Foz do Iguaçu e do Departamento de Inteligência do Estado do Paraná (Diep) reúnem-se em um estacionamento no Centro da cidade para organizar uma operação de combate ao contrabando. Ao todo, seis viaturas partem até a rodovia PR-495, na altura do município de Missal, uma região agrícola que é rota frequente de carros carregados de mercadorias paraguaias em direção ao sul do estado.

A reportagem acompanhou a ação, que integrava a chamada Operação Escudo. Antes do deslocamento, um policial alerta sobre o risco real de um veículo carregado lançar-se sobre uma barreira para derrotar a repressão à força. “Para os contrabandistas, carro é arma”, afirma. Uma das viaturas tem a placa substituída por uma falsa. Motivo: a original já era conhecida dos contrabandistas. “Andar com essa placa é o mesmo que andar com giroflex”, explica um agente. No caminho, já próximo ao local da operação, os olhos treinados de um homem da Receita suspeitam de um carro de Fazenda Rio Grande em alta velocidade. “O que um carro da região metropolitana de Curitiba faz por aqui? Só pode estar indo para ser carregado”, comenta. Por via das dúvidas, o número da placa é registrado. 

O efetivo se divide em três grupos. Um deles, a pé, monitora a rodovia para identificar os veículos carregados. Em um ponto cerca de 3,5 quilômetros à frente, um segundo grupo tem a missão de interceptar os carros, enquanto o terceiro fica na retaguarda para encurralar os criminosos. Todos estão armados e usam coletes balísticos. Nos porta-malas das viaturas, correntes para serem jogadas na rodovia e bloquear a passagem dos contrabandistas.

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Enquanto aguardam alguma ocorrência, os participantes da ação relembram estratégias das quadrilhas, uma delas um tanto peculiar: motoristas de carros carregados colocam Bíblias em cima dos painéis para tentar enganar a fiscalização. “Quando tem Bíblia, pode saber que é contrabando”, garante uma agente.

Porém, mais de duas horas passam e, estranhamente, nenhum veículo carregado é identificado. A conclusão: um olheiro queimou a operação. Logo na chegada ao local, um dos agentes havia informado sobre um sujeito em atitude suspeita na beira da rodovia. O comportamento era típico: com um cigarro em uma mão e um celular em outra, apenas observava a movimentação na estrada. Ao que tudo indica, ele percebeu a presença da repressão e reportou aos transportadores. Com isso, a ação foi suspensa e as viaturas retornaram a Foz sem nada apreendido. “E ainda falam em legalizar a maconha. Se nem o cigarro nós conseguimos controlar”, comenta outro agente.

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A SÉRIE

PARTE 4 – A sangria nos cofres públicos (quarta)
PARTE 5 – Qual a saída? (quinta)

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