Munidos de faixa e cartazes, moradores do Bairro Várzea, de Santa Cruz do Sul, fizeram uma manifestação na manhã desse sábado, 8, a fim de chamar a atenção do Município para a resolução de demandas agravadas pelas últimas enchentes. O grupo, de cerca de 20 pessoas, organizou-se por volta das 8 horas em frente à Escola Guido Herberts e saiu em caminhada, com apoio da Guarda Municipal, até a entrada do bairro, na BR-471, onde interrompeu o trânsito por alguns minutos como forma de protesto.
Por diversas vezes, os manifestantes entoaram a frase “o Várzea e o Navegantes pedem socorro”. Um dos envolvidos no ato, o jardineiro Braian Gabriel de Jesus, de 30 anos, morador da Rua Arthur de Jesus Ferreira, disse que, em recente reunião com líderes do bairro, a prefeita Helena Hermany havia mencionado que de imediato não haveria nenhuma solução. Por isso, ele e os demais decidiram organizar a mobilização para cobrar providências.
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“Gostaríamos que a prefeita nos explicasse o que isso significa. Ela está no comando do município desde 2005, ou seja, há 16 anos. As enchentes aqui no Várzea acontecem desde 2001. Será que vamos ter que esperar mais 16 anos para que se faça alguma coisa para evitar novas enchentes?”, questionou. Em entrevista à Gazeta do Sul, Braian explicou que o grupo busca uma solução para os problemas e por essa razão decidiu se manifestar.
“Os problemas são antigos e de conhecimento do Município, mas continua tudo igual e não se faz nada em definitivo”, frisou, observando que na sua casa a água subiu 2,10 metros na enchente do último mês. “É essencial que isso seja resolvido. O problema do Várzea inicia no Navegantes. Quando o rio enche lá, não tem para onde escoar e a nossa preocupação é com novas chuvas. Ainda temos todo o inverno pela frente”, alertou.
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Outra moradora envolvida na manifestação foi Francine Yoná de Almeida, de 27 anos, da Rua Pastor Becker. Ela relatou que as principais reivindicações dos moradores do Várzea são a limpeza e a ampliação dos bueiros em toda a extensão do bairro, o reforço das “taipas” e um novo aterro para fazer a contenção durante as enchentes. “Também queremos saber das doações dos móveis que estavam no pavilhão da Igreja Evangélica e que até agora os moradores aqui do bairro não receberam. Tudo o que veio de doação foi de pessoas próximas, nada pela Prefeitura.”
Francine afirmou que também se faz necessária a continuação do trabalho de vistoria da Defesa Civil nas casas atingidas pela enchente, para que os moradores possam encaminhar o recebimento dos valores referentes ao aluguel social. “Isso precisa continuar sendo feito, tanto aqui no Várzea quanto no Navegantes, para que as pessoas recebam os valores.”
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Na lista de reivindicações, Francine citou ainda a necessidade de um agente de saúde no bairro. “Faz quatro anos que não temos mais a assistência de um agente de saúde, e faz muita falta.”
Dentre os moradores que já conseguiram encaminhar a documentação para o Aluguel Social, no valor de R$ 1,2 mil, a maioria relata dificuldade para encontrar imóvel. Conforme a cabeleireira Meura Mari Zagonel, de 35 anos, moradora do Navegantes, essa é uma realidade que preocupa. “Eu mesma consegui a documentação com a Prefeitura, mas não estou encontrando nenhuma casa por esse valor. Ou a gente precisa complementar ou então não consegue locar com ninguém, nem com imobiliária e nem direto com os proprietários”, afirmou.
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Morando no Navegantes nos últimos cinco anos, ela, que veio de Porto Alegre, disse que a água entrou 1,60 metro em sua casa durante a enchente.
Sobre a possibilidade de realocação dos moradores da Praia dos Folgados, que chegou a ser cogitada pela prefeita Helena Hermany, um representante da associação de moradores do Navegantes mencionou que a proposta é recente e precisa ser melhor debatida entre os moradores. Ele, que preferiu não ser identificado, entende que o ideal é estudar todas as opções e avaliar os prós e os contras, pois entende que isso não se resolveria de uma hora para outra. “Cada morador tem uma realidade. Alguns têm mais de um imóvel, e nosso local aqui é próximo do Centro”, mencionou.
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Ao todo, segundo informou, 130 famílias residem no Bairro Navegantes. Com relação às melhorias naquela região, disse que o trabalho de cascalhamento provisório nas ruas já havia iniciado, bem como de reparo das taipas de contenção em alguns trechos.
“A Prefeitura de Santa Cruz do Sul vem trabalhando intensamente e ininterruptamente no atendimento às vítimas da enchente. Primeiramente, em ações emergenciais para o acolhimento às pessoas que foram diretamente afetadas, com seus lares atingidos. Em seguida, com o Programa Superação, que já atendeu em todo o município 6.978 famílias com alguma doação, distribuiu 8.854 kits de alimentação, 5.789 de higiene e 4.567 de limpeza, e preparou 48,9 mil refeições.
Em relação aos móveis, já foram 224 famílias contempladas na cidade com conjuntos completos. Mais de 500 cargas de caminhão já foram retiradas de entulhos, várias ruas receberam cascalho, e a maior parte dos bueiros no Várzea já foram limpos. Diversas ações com agentes de saúde e endemias também foram realizadas no bairro, combatendo doenças como dengue e leptospirose. Os esforços continuarão pelo tempo que for necessário, com diversos serviços assistenciais e também de acesso a moradias temporárias e definitivas em áreas seguras, por meio de aluguel social ou estadia solidária, além de novos loteamentos habitacionais e compra de terrenos para construção de moradias pelos atingidos. Autônomos e microempresários também já contam com linha de crédito com juros e encargos subsidiados, e prazo de carência estendido, por meio do Banco do Povo.”
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