O leitor Flávio Dopke nos sugeriu uma coluna sobre o footing (caminhada, passeio a pé), uma tradição que era muito comum no século passado, até os anos 70. Em Santa Cruz, ocorria na Rua Marechal Floriano, nas quadras que hoje formam o calçadão.
A caminhada tinha objetivos diversos. Para alguns, era apenas um passeio para conferir as novidades nas vitrines das lojas. Para outros, especialmente os jovens, a ocasião de paquerar, de ver a sua preferida (ou preferido), de bater um papo. E, se o dia fosse de muita sorte, acompanhar a moça até o portão da sua casa.
Até os anos 50/60, o footing ocorria nos domingos, após a missa das 9 horas. Aí todos saíam para dar uma volta no Centro, vestindo a melhor roupa. As meninas caminhavam de braços dados até a esquina da antiga Casa Kirst. Voltavam pelo outro lado, disfarçando nas vitrines das saudosas Lojas Waechter, Bazar Rex, Bazar Kuhn e Casa Seleta.
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Os rapazes ficavam em grupinhos, conversando na frente da Praça da Matriz, observando o vai e vem das garotas. Logo ocorria um olhar com o “rabo do olho”, uma piscadela e um batepapo. Aí combinavam um encontro para o footing da tarde, que podia acabar com um sorvete no Polo Sul, no Quiosque ou até um cineminha.
A partir dos anos 70, o melhor dia para a paquera era sábado de manhã. Os colégios Sagrado Coração de Jesus, São Luís e Mauá encerravam as aulas por volta das 10 horas e o Centro ficava repleto. Os rapazes, que antes se reuniam na quadra do Quiosque, passaram a ampliar os locais de concentração, chegando às calçadas do Bazar Rex, Comercial Rex, São Luís e lancheria Xodó.
Muitos namoros e casamentos começaram nas paqueras do footing. Moina Fairon Rech, no livro Uma janela para o passado, tem belos relatos daquele tempo. No arquivo de Luis Kuhn, encontramos as fotos que ilustram a coluna.
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