Santa Cruz do Sul é uma das cidades do Estado que mais aprecia corridas de automóveis. A primeira a que os santa-cruzenses assistiram ocorreu em 6 de abril de 1937, quando por aqui passou o Raid Montevideo–Rio de Janeiro.
Foi a primeira prova de longo percurso da América do Sul, totalizando 3,4 mil quilômetros. Os 32 pilotos (12 argentinos, 11 uruguaios e nove brasileiros) saíram da capital do Uruguai no domingo e passaram aqui na terça-feira (dia 6). Eles haviam parado em Cachoeira do Sul e estavam seguindo para Porto Alegre.
O jornal Kolonie noticiou que a Rua Flores da Cunha (hoje Marechal Floriano) ficaria fechada a partir das 8 horas e que só seria liberada quando da passagem do último competidor. Alertou as pessoas a terem cautela, pois a velocidade dos carros poderia chegar a 100 quilômetros por hora. Os cuidados deveriam ser redobrados no Arroio Grande, Centro e Pinheiral, onde as estradas eram propícias às altas velocidades.
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As corridas eram com as famosas carreteiras (ou baratas). O motor envenenado fazia um barulho ensurdecedor. O periódico contou que o povo lotou a rua principal e que aplaudiu os corredores. Os carros iam chegando aos poucos. Os que emparelhavam no Centro propiciavam um “pega”, para vibração do público.
Os colégios haviam dispensado os alunos e o comércio fechou as portas. Inclusive, veio gente do interior, de carroça e cavalo. Sorte tiveram os mecânicos da agência Ford, que ficava na Rua 28 de Setembro. Um dos pilotos teve problema no carro e precisou de socorro. O atendimento foi rápido, mas deu tempo para contar um pouco das dificuldades enfrentadas no trajeto.
A partir da saída em Montevideo, a corrida teve paradas em Melo (Uruguai), Cachoeira do Sul, Porto Alegre, Lages, Florianópolis, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, onde os pilotos foram recebidos pelo presidente Getúlio Vargas no dia 11. O vencedor foi o gaúcho Norberto Jung.
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Pesquisa: arquivo da Gazeta do Sul
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